PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE
DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO
DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO
DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

Para refletir. (parte I)

30 de Novembro de 2017

Verão de 2017. Portugal passou por um autêntico inferno.

Mortos, muitos mortos para um País tão pequeno. Destruição, muita destruição em tão pouco tempo.

Estes acontecimentos não podem cair no esquecimento como muitos querem fazer passar. É preciso tirar ilações das falhas do nosso sistema e acima de tudo colmatá-las.

Começo pelo que melhor conheço. Os Bombeiros.

É necessário mais profissionalização neste setor estratégico para a segurança e salvaguarda das pessoas e bens.

Hoje, nos 75 Bombeiros que constituem as fileiras dos Bombeiros de Alvaiázere, não temos um único desempregado o que, se a nível social é excelente, a nível operacional é um pesadelo.

Muitos dos nossos Bombeiros não vivem em Alvaiázere, uns por motivos profissionais outros por motivos académicos ou familiares, o que impossibilita muitas das vezes estarem presentes para uma intervenção mais rápida e musculada. Os que cá estão, estão nos seus empregos, o que impossibilita também a sua disponibilidade imediata.

O Voluntariado é preciso, mas é preciso garantir em permanência 4 ou 5 equipas para uma resposta ao minuto o que, sem profissionalização, é praticamente impossível.

É preciso restruturar o sistema. Profissionalizar os Bombeiros com uma estrutura salarial atrativa e compatível com o risco da profissão que é bastante exigente, quer fisicamente quer psicologicamente.

O Voluntariado não tem de deixar de existir, muito pelo contrário. É preciso acarinhá-lo e promovê-lo socialmente pois a sua capacidade de intervenção, de conhecimento e, acima de tudo, de altruísmo e abnegação não podem de maneira nenhuma ser desperdiçados. Têm lugar na estrutura para linhas de atuação mais avançadas no tempo e no apoio logístico. Em caso de atuações mais ampliadas serão sempre o braço armado das corporações.

Mas para isto acontecer é preciso reestruturar a proteção civil em Portugal. O que o governo quer fazer, com a saída dos Bombeiros locais das intervenções iniciais é potenciar a probabilidade de acontecimentos como os deste ano acontecerem. Criar equipas dos GIP’s da GNR para uma primeira intervenção em concelhos como o de Alvaiázere é dar tempo ao inimigo “fogo” para avançar descontrolado pois a base dos GIP’s nesta zona é em Figueiró dos Vinhos.

Sei que os Bombeiros são o parente pobre da proteção civil, mas também sei que são os que mais trabalham e o que mais reconhecidos são por quem realmente interessa, pela População.

São os Bombeiros que estão ao lado das populações 24 horas por dia, 365 dias por ano. Em todas as situações. É bom não esquecer que os incêndios florestais são só 7% das intervenções operacionais dos Bombeiros. O resto é ocupado com transporte de doentes urgentes, transporte de doentes não urgentes, salvamento de animais, incêndios urbanos, etc.

Mas a profissionalização traz custos, é verdade. Mas a salvaguarda dos cidadãos não pode ter preço. É necessário chamar a esta equação as juntas, as autarquias e acima de tudo o governo. A proteção das pessoas é uma responsabilidade do estado e deve ser assegurada pelos governos e em segunda linha pelos organismos autárquicos. As Associações Humanitárias não têm capacidade financeira para assegurar esta estrutura profissional. Aliás acho até que devia ser revista a génese de direção destes organismos pois não podem estar à mercê de populismos e jogadas de bastidores, como aconteceu nas últimas eleições aqui em Alvaiázere.

Para o próximo mês continuo com este tema. Até lá despeço-me com votos de um Santo Natal na companhia dos que mais Amam.