Começou no dia 18 de março, no Tribunal Judicial de Leiria, o julgamento do homem que terá, alegadamente, tentado matar os antigos patrões, na freguesia de Almoster, devido ao facto de estes lhe deverem dinheiro. O homem de 54 anos, acusado de dois crimes de homicídio na forma tentada e ainda de detenção de arma proibida, afirmou na primeira sessão do julgamento que as suas ações foram "só para intimidar", negando qualquer intenção de atingir o antigo patrão.
O arguido explicou que no dia dos crimes, o antigo patrão tinha combinado aparecer em sua casa, mas uma vez que isso não aconteceu, decidiu ir a Almoster a casa dele, onde ninguém o atendeu, apesar de ter ouvido ruído. Regressou a Pombal, "para ver se esquecia", mas acabou por ir buscar uma arma e regressar a Almoster, onde o antigo patrão se "recusou a pagar", alegando que os clientes não lhe tinham pago. Perante a resposta, o homem disparou "de qualquer maneira, mais ou menos a um metro, só para intimidar". Questionado sobre o motivo de ter levado a arma carregada, respondeu que só a levou para conseguir o dinheiro, porque estava a passar por dificuldades económicas, observando ainda que "se tivesse intenções de matar tinha mais uma bala na pistola".
No despacho da acusação consta que o arguido "iniciou funções por conta e direção" dos queixosos entre 2004 e 2005, para os quais acabou por trabalhar cerca de seis meses. "Todavia, apesar de ter recebido alguns valores monetários por conta do trabalho realizado", o homem deixou de trabalhar para o casal, alegando que este lhe ficou "a dever cerca de 2340 euros", como refere o Ministério Público. Segundo esta mesma fonte, desde 2005 que, por diversas vezes, o arguido terá interpelado o antigo patrão, para que este pagasse os montantes em falta, mas este "acabava sempre por adiar o pagamento". No despacho pode ainda ler-se que o acusado, que neste momento está em prisão domiciliária, atingiu a vítima "na face como forma de se certificar que lhe tirava a vida". No momento em que a esposa da vítima se preparava para alertar as autoridades, o arguido apontou na sua direção e efetuou outro disparo, a cerca de três metros, não a atingindo por motivos alheios à sua vontade. Em tribunal, o homem garantiu que, apesar de temer ser agredido, este disparo foi feito "sem querer". Quando se preparava para a fuga, de motorizada, as vítimas conseguiram travá-lo.
Os ofendidos foram também ouvidos pelo Tribunal e o julgamento vai agora prosseguir com a audição dos depoimentos de outras testemunhas.