Foi no passado dia 23 de janeiro que a Câmara de Paris realizou uma cerimónia de homenagem a sete porteiros pela sua ação meritória de auxílio prestado às vítimas dos atentados terroristas de 13 de novembro, condecorando-os com a Medalha de Bronze da Cidade de Paris.
De entre os homenageados destacam-se Natália Teixeira Syed, filha de emigrantes do lugar da Botelha, na freguesia de Pelmá, e também o seu marido Gabriel Syed. Para além das medalhas, foi ainda atribuído o diploma de “Porteiro da cidade de Paris” a 600 porteiros de toda a cidade, entre os quais cerca de uma centena de portugueses.
A cerimónia realizou-se no salão nobre do Hôtel de Ville de Paris, tendo as condecorações sido entregues pessoalmente pela presidente Anne Hidalgo e pelo franco-português Hermano Sanches Ruivo, o seu conselheiro delegado para os assuntos europeus.
Anne Hidalgo fez questão de agradecer aos “anjos da guarda”, os “embaixadores de Paris”, provenientes “do mundo inteiro, havendo uma história ainda mais forte com Portugal e Espanha”. A presidente da Câmara sublinhou, dirigindo-se aos presentes: “Termos os porteiros foi uma sorte para toda a gente. Vocês estavam lá, nós estávamos estupefactos e impotentes, mas vocês acolheram as vítimas e abriram-lhes os braços porque elas choravam e estavam feridas. Vocês foram os primeiros a abrir-lhes as portas e a prestar os primeiros socorros. Estas imagens fazem parte da nossa história parisiense. Foi incrível a humanidade que vocês tiveram. Obrigada por tudo”.
Após receber a medalha, Natália Teixeira Syed estava visivelmente emocionada, tendo dificuldade em conter as lágrimas e em explicar como se sentia, referindo apenas, à semelhança da presidente da Câmara de Paris, que “os porteiros são uma espécie de anjo da guarda e de heróis, que habitualmente estão mais na sombra e agora estão mais na luz”. Daquele fatídico dia, o que Natália mais retém na memória, tal como a própria afirmou, foram “os barulhos, os sons e as pessoas a chegar a casa feridas”. No final da cerimónia, Anne Hidalgo agradeceu a Hermano Sanches Ruivo pela colaboração na organização da iniciativa, tendo o mesmo anunciado que a homenagem irá repetir-se anualmente e que vai ser criado o “Dia dos direitos e dos deveres dos porteiros.”