PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

Tribunal já começou julgamento do homem acusado de duplo homicídio

O Tribunal de Alvaiázere começou, no passado dia 25 de junho, a julgar o homem acusado de matar a ex-companheira e o homem que estava a viver com ela. O crime aconteceu na noite do passado dia 16 de setembro de 2013, na localidade de Nexebra, freguesia de Maçãs de D. Maria.

Eduardo Rosa Fernandes, de 64 anos, está acusado de dois crimes de homicídio qualificado.

O caso remonta a setembro de 2013. Maria Adélia Simões, 54 anos, saiu da casa que partilhou durante vários anos com Eduardo Rosa Fernandes, a 6 de setembro, para ir viver com Luís Nunes. Segundo o Ministério Público, o facto de Eduardo Rosa Fernandes ter negado a Maria Adélia Simões o acesso aos seus bens, fez com que a ex-companheira contactasse uma advogada para conseguir autorização para retirar os seus bens da casa do arguido. Contudo, Eduardo Rosa Fernandes negou que a tivesse impedido de tirar os seus bens, adiantando que "só queria falar em particular com ela para perceber os motivos que a levaram a sair de casa, mas ela nunca me deu explicações".

Na tarde do dia 16 de setembro, o arguido e as vítimas reuniram-se no escritório da advogada para resolverem a situação. Após a reunião, por volta das 18 horas, seguiram todos para casa do arguido para tirarem os bens de Maria Adélia Simões, o que aconteceu dentro da normalidade e sem desentendimentos. O ambiente de serenidade só foi interrompido quando Maria Adélia Simões retirou uns documentos de vários empréstimos que tinha contraído e dirigiu-se ao arguido dizendo que teria de pagar metade, deixando-o "chateado" e com a sensação de que "estava a ser roubado, ameaçado e gozado na minha própria casa".

Só pelas 23:55 horas é que terminaram de tirar os pertences de Maria Adélia Simões, despediram-se e saíram. Eduardo Rosa Simões começou a "dar um arrumo à casa" e passados uns minutos "fui à janela do quarto e vi que eles ainda estavam lá fora à conversa". Pegou na caçadeira disparou para fora, adiantando que "na altura não estava em mim".

Questionado se os disparos eram dirigidos para as vítimas, Eduardo Rosa Fernandes respondeu que quando pegou na arma "a intenção era disparar para mim", acrescentando que se tivesse premeditado o crime "tinha-os matado dentro de casa". Posteriormente, o arguido afirmou que o primeiro disparo era para Luís Nunes e o segundo atirou "para a escuridão", só viu um vulto que não conseguiu reconhecer. Sem conseguir precisar quantos disparos efetuou, o arguido afirmou que fez alguns de dentro de casa pela janela e quando saiu já estavam as duas vítimas no chão, fez mais disparos e "quando ia para atirar em mim a arma encravou, desfizme dela e fui embora".

"Andava traumatizado, na semana antes tinha saído o resultado de um exame que dizia que tinha um tumor na próstata e depois ela saiu de casa, por isso pensei suicidarme", argumentou em tribunal Eduardo Rosa Fernandes.

Após cometer o crime, o arguido tinha intenção de ir para Coimbra ter com a filha, contar-lhe o sucedido e entregar-se às autoridades. Contudo, como estava "desorientado", perdeu-se no caminho, parou para pedir indicações a dois jovens que estavam na rua, acabando por lhes contar o sucedido.

Em tribunal, os dois jovens confirmaram que o arguido quando chegou perto deles estava "desorientado", pediu-lhes indicações para Coimbra e contou-lhes o sucedido. Os dois jovens chamaram a polícia e o arguido "esperou pela chegada da polícia e não deu resistência nenhuma".

O julgamento continua dia 9 de julho.