PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE
DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO
DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO
DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

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31 de Março de 2022

Atravessamos uma época de crescente medo e incerteza. Como se não bastassem as alterações climáticas e a Covid-19, agora, passados 80 anos, novamente pela mão de um ditador, a guerra regressou à Europa.

Como também é evidente, os nossos paladinos, Estados Unidos e Europa Ocidental, não são santinhos. Durante anos “engordaram o urso” e, após algumas pequenas provocações, ele despertou. Os grandes interesses económicos agradecem.

Por cá ficamos preocupados com a subida, em alguns cêntimos, do preço dos combustíveis ou dos bens alimentares. Sobem, irão subir mais mas, felizmente, temo-los! Esquecemo-nos que muitos países, os mais pobres, já enfrentavam uma crise alimentar de grandes proporções, dependendo das importações de bens de terceiros. Esquecemo-nos que a fome já matava milhões de pessoas, principalmente devido às alterações climáticas.

A cada dia que passa, a guerra na Europa tornar-se-á o acelerador da fome e da insegurança alimentar a nível global e fará muitos mais milhões de mortes em tempos vindouros.

Sendo certo que a fome sempre andou de mão dada com a guerra, quer como método, privando os adversários de recursos necessários à sua sobrevivência, quer como rastilho, pois quem tem fome revolta-se, é de supor que, se esta findar com alguém vivo, novas guerras eclodirão em todo o mundo, até ao dia em que um outro louco ou um botão carregado por engano nos oblitere do planeta.

Espero que, apesar de gostarmos de marchar para o abismo, o instinto de sobrevivência prevaleça.

Presentemente, se juntarmos a Covid19, as alterações climáticas e o aumento de refugiados que cruzam as fronteiras em busca de comida e segurança, vemos a combinação perfeita que nos aproxima de um desastre de proporções inimagináveis.

Para terminar, e como ponto de reflexão, deixo uma pergunta:

A Europa tem estado bem na resposta à maior crise humanitária das últimas décadas. Se apoiamos e acolhemos os refugiados ucranianos de forma exemplar urge pensar: estamos preparados e acolheremos da mesma forma os milhões de refugiados que virão do norte de África?