Promoções, condecorações e a bênção de uma nova viatura, uma Viatura Tanque Tático Florestal (VTTF), marcaram a cerimónia de comemoração do 78º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alvaiázere (AHBVA), que teve lugar no dia 11 de março.
Como manda a tradição, a manhã iniciou-se com a eucaristia na Igreja Matriz de Alvaiázere, seguida da romagem ao cemitério e do desfile apeado até ao Quartel, onde foi feita a receção às entidades convidadas: João Paulo Guerreiro, presidente da assembleia-geral da AHBVA; Comandante Almeida Lopes, presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Leiria; António Marques, Secretário da Mesa do Congresso da Liga dos Bombeiros Portugueses; Comandante Sérgio Gomes, do Comando Distrital de Operações de Socorro e Célia Marques, presidente da Câmara Municipal de Alvaiázere.
O primeiro a usar da palavra foi João Paulo Guerreiro, que felicitou a direção e o comando dos BVA pela aprovação e concretização das candidaturas a fundos comunitários (que resultaram na aquisição do VTTF e na realização de obras de requalificação do Quartel), apelou à contribuição de todos para ajudar financeiramente os BVA, sobretudo neste momento em que foi feito um investimento avultado e salientou que 2018 será um ano muito importante, na medida em que haverá eleições para os corpos gerentes, de quem se espera “responsabilidade e legitimidade para corresponder aos anseios e aos objetivos”.
Mário Bruno Gomes, comandante dos BVA, começou por pedir que se fizesse um minuto de silêncio em memória de todos aqueles que perderam a vida nos trágicos incêndios do ano passado. De seguida, passou às promoções e condecorações: treze estagiários foram promovidos a bombeiros de terceira categoria; sete bombeiros passaram a bombeiros de segunda categoria; cinco bombeiros foram promovidos a bombeiros de primeira; dois bombeiros passaram à categoria de subchefe e quatro a oficial bombeiro de segunda. Foram entregues no total 22 condecorações, designadamente: duas com a medalha de assiduidade grau ouro 5 anos, nove com a medalha de assiduidade grau prata 10 anos, três com medalha de assiduidade grau ouro 15 anos, três com medalha de assiduidade grau ouro 20 anos e ainda cinco com a medalha de assiduidade grau ouro por 25 anos de serviço, sendo ainda de destacar os três bombeiros que passaram ao quadro de honra, naquele que foi, nas palavras de Mário Bruno Gomes, “um momento de enorme simbolismo para todos”.
O Comandante citou Fernando Pessoa: “Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce”, deixando o seu agradecimento à direção por ter acreditado desde o primeiro momento nas candidaturas que foram feitas ao POSEUR, sendo os BVA a única corporação de bombeiros a nível nacional que foi contemplada com o financiamento de duas candidaturas.
Joaquim Simões, presidente da AHBVA, referiu que, apesar de o ano 2017 ter sido “diferente para melhor”, mantêm-se as dificuldades no cumprimento das obrigações com os fornecedores, a quem agradeceu a compreensão, dificuldades agravadas pelo desrespeito do Ministério da Saúde no que diz respeito à liquidação das suas obrigações. O presidente da AHBVA salientou que 2018 e os próximos dois anos vão ser anos difíceis e exigentes, devido ao elevado financiamento em curso, apelando à solidariedade da autarquia e da comunidade alvaiazerense.
O Comandante Almeida Lopes saudou os BVA por todo o trabalho desenvolvido, referindo que a Associação mostra dinamismo, e que nas suas fileiras é possível ver o futuro, felicitando todos os bombeiros que foram promovidos e que dedicam muito tempo a esta causa, mas também os que passaram ao quadro de honra, pois apesar de deixarem de estar no ativo, a sua presença continua a ser muito importante.
Em representação da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Marques abordou várias questões relacionadas com o estatuto dos bombeiros, entre as quais a criação da Direção Nacional de Bombeiros, a resolução do problema do financiamento, que implica uma reestruturação da Lei e também as ambiguidades de critérios utilizados pelos Centros de Inspeção para ambulâncias.
O Comandante Sérgio Gomes felicitou os BVA pela perseverança e dedicação a esta causa, sublinhando que novos desafios e maiores responsabilidades se aproximam, naquele que considerou que será um ano particularmente difícil.
“Os Bombeiros têm de ser apoiados, acarinhados e incentivados e não, como vemos acontecer, achincalhados na praça pública, quase sempre por quem desconhece a realidade”, começou por afirmar Célia Marques. A autarca frisou que a gratidão pode ser manifestada de inúmeras formas: por palavras mas também por atos e, enquanto decisora pública, reiterou a sua gratidão pelos BVA, pelos seus 78 anos e pela arrebatadora e terrível realidade que enfrentaram o ano passado, a qual teve oportunidade de testemunhar in loco, no Teatro de Operações.
Acusando o Governo de estar “a empurrar de forma inconsequente as responsabilidades para as Câmaras Municipais, não contribuindo com meios nem com recursos, e de estar a exigir o impossível, sendo isso o mesmo que nada fazer”, Célia Marques sublinhou: “a Câmara Municipal de Alvaiázere tem procurado fazer o que está ao seu alcance, tem feito o possível por isso, não mostramos gratidão apenas por palavras, mas também por atos”. Depois de há um ano atrás ter anunciado um conjunto de incentivos fiscais para os bombeiros, a autarca anunciou que o estatuto social do bombeiro foi aprovado em Assembleia Municipal no dia 28 fevereiro, estando para breve a sua publicação em Diário da República.
Célia Marques concluiu: “o ano de 2017 foi o ano em que a Câmara Municipal de Alvaiázere apoiou mais fortemente os bombeiros. Em 2017 o Município transferiu para os bombeiros mais de 70% dos recursos que transferia no ano de 2013, não para ficar bem na fotografia, nem para a presidente ficar bem vista pelos eleitores. Fá-lo, porque é verdadeiramente um dever da consciência coletiva do nosso povo e uma prova da nossa imensa gratidão para convosco, pois sei que, independentemente dos apoios, esta corporação nunca deixaria de prestar apoio à nossa comunidade”.
No final da sessão solene, o Padre Celestino Ferreira Brás procedeu à bênção da nova viatura, o VTFF que foi batizado com o nome do falecido diretor Manuel da Silva Oliveira: “hoje perpetuamos para sempre na história desta associação a memória de um homem bom e de coração tão grande como o tamanho da viatura que vamos perpetuar com o seu nome”, sublinhou o Comandante Mário Bruno Gomes.