O chícharo venceu e convenceu. O evento “Alvaiázere, Capital do Chícharo” foi um êxito, tendo superado todas as expetativas. Alvaiázere recebeu, ao longo dos três dias de mostra económica, de artesanato e de produtos regionais milhares de pessoas que encheram as ruas da vila e trouxeram o movimento e a animação ambicionada, tendo este evento fechado a época de festas do Concelho com chave de ouro.
O vasto programa prometia e não desiludiu nem os alvaiazerenses nem os visitantes, que teceram rasgados elogios ao Município por ter arrojado e conseguido um cartaz com artistas de grande qualidade, abrangendo um conjunto variado de públicos, além de ter conseguido recuperar, de alguma forma, alguns dos traços originais do Festival do Chícharo.
Recorde-se que este evento é uma conjugação de outros dois que foram, durante muitos anos, feitos isoladamente, mas que se viu que fazia todo o sentido juntar num só. Depois de se ter experienciado fazê-lo em junho, este ano, pela primeira vez, mudou-se para outubro. Com opiniões a favor e outras contra, a verdade é que há muitos anos que não se via Alvaiázere com tanta afluência de pessoas.
O certame, realizado de 5 a 7 de outubro, começou no feriado de instauração da República com um evento desportivo de topo. O Estádio Municipal abriu portas ao “Al-Bayazira Youth Cup”, organizado pela Benfica Escola de Futebol de Alvaiázere e pelo Grupo Desportivo de Alvaiázere. Este torneio juntou doze escolas de futebol, nomeadamente as Escolas Benfica de Pedrogão Grande, Lousã, Coimbra e Golegã. Foram 40 equipas, num total de cerca de 500 atletas que, ao longo de dois dias, promoveram o desporto e interagiram entre si. Tiveram ainda a visita especial da mascote do Sport Lisboa e Benfica, a águia Vitória.
A parte cultural também não foi esquecida e, ao longo dos três dias, não faltaram exposições, animação de rua e visitas guiadas ao património local.
A Orquestra Ligeira da Sociedade Filarmónica Alvaiazerense de Santa Cecília inaugurou, dia 5, a animação musical no palco três, num concerto inédito, tendo sido esta a primeira vez que participaram nesta iniciativa. Uma das novidades deste ano passou pela existência de três palcos diferentes e direcionados para públicos, também eles, diferentes. Pelo palco um passaram grandes nomes do panorama musical português, enquanto o palco dois recebeu artistas/bandas mais ao estilo de “músicas do mundo”, numa tentativa de recuperar as origens do Festival Gastronómico do Chícharo e que se haviam perdido ao longo dos anos. A noite do feriado nacional ficou ainda marcada pelo concerto dos Whales, no palco dois, a anteceder um dos momentos musicais mais esperados do cartaz, a atuação do artista Agir. Bernardo Correia Ribeiro de Carvalho Costa, mais conhecido por Agir, é um cantor e músico português, filho de Paulo de Carvalho e de Helena Isabel. O recinto do parque multiusos ficou repleto de gente que, ao longo de uma hora, cantou em conjunto com Agir alguns dos seus grandes êxitos, como por exemplo “Tempo é dinheiro” e “Ela parte-me o pescoço”. A noite só acabou ao som do grupo NKZ que pôs os pés e corpos de toda a gente a mexer até altas horas da madrugada.
O sábado, dia 6, começou com a continuação do torneio “Al- Bayazira”. O Museu Municipal de Alvaiázere promoveu uma Maratona Fotográfica onde o objetivo era capturar momentos do “Alvaiázere, Capital do Chícharo”, de modo a reunir diversos e diferentes olhares sobre o certame. A concentração foi feita no museu e, ao longo de 24 horas, dez participantes andaram pelo Concelho a fotografar. Haverá lugar a prémios, mas apenas serão conhecidos em dezembro. Ao longo da tarde de sábado, os visitantes puderam conhecer a vila de uma forma diferente, usufruindo de um passeio de charretes que tinha um custo simbólico e que reverteu a favor dos Bombeiros Voluntários de Alvaiázere. Além desta forma de conhecer a vila, houve ainda espaço para conhecer o resto do Concelho, através das visitas ao património. O percurso foi acompanhado por técnicos devidamente credenciados e tinha paragens em diversos locais de interesse, como por exemplo, a Capela de N.ª Senhora dos Covões e as Antas do Ramalhal.
Quando se fala em “Alvaiázere, Capital do Chícharo” pensa-se logo em passeios. O primeiro a acontecer foi o de bicicletas antigas. O ponto de partida foi o museu municipal, pelas 14h30, onde cerca de duas dezenas de pessoas reviveram um pouco da história alvaiazerense e onde se puderam vislumbrar modelos únicos. Depois de um percurso pela vila, o passeio terminou com um lanche na Mata do Carrascal. Ainda nessa tarde se realizou uma Corrida de Touros, com animais da ganadaria de Nuno Casquinha. A praça portátil, montada junto ao parque de campismo, acolheu os cavaleiros Luís Rouxinol, David Gomes e Cláudia e o Grupo de Forcados Amadores de Riachos e Académicos de Coimbra. Apesar do cartel de luxo, a falta de público foi um dos aspetos negativos desta iniciativa. A animação, no recinto do parque multiusos, nunca faltou com os Côdeas do Diabo e o Palhaço Marko Jarrinho e Le Animateur.
Promovida pela ADECA, pelas 19h30, uma mesa redonda abordou o tema “Do interior para o mercado nacional e internacional” que juntou empresários da região e um professor e investigador de Coimbra.
A animação musical do dia 6 começou com o concerto dos Les Crazy Coconuts, pelas 22h30, seguindo-se o concerto dos Amor Electro. À semelhança do dia anterior, também nesta noite se encheu o recinto do parque multiusos com milhares de pessoas a quererem ver de perto a banda e, principalmente, a vocalista Marisa Lis. A jurada do programa da RTP1, The Voice, é a voz deste grupo desde a sua estreia em 2011. Tocaram, entre outras, as músicas “Procura por mim” e “Rosa Sangue”. Como a noite era de festa, a banda K’Preta arrasou pela madrugada dentro, dando oportunidade a todos quantos quiseram dar um pézinho de dança.
Domingo, dia 7, foi dia de mais passeios. Junto ao arruamento a sul do estádio, desde as 08h30 que se começavam a concentrar tratores de diferentes tamanhos, feitios e condutores. Este passeio pitoresco é já uma marca deste certame e este ano juntou perto de 50 tratores, oriundos das várias freguesias do Concelho. Ao mesmo tempo, nos Paços do Concelho, perfilavam-se automóveis clássicos para mais uma edição do passeio “Na Rota do Chícharo”. Foram cerca de 40 os participantes deste passeio que se assume, ano após ano, como um sucesso. Ao mesmo tempo, centenas de pessoas participaram no II Trail do Chícharo, seja correndo 13 ou 28 kms, ou ainda numa caminhada que teve a extensão de 10 kms. Ao longo de ambos os percursos os participantes puderam deliciar-se com as belas paisagens do Concelho.
Enquanto tudo isto acontecia, no parque multiusos, já se havia efetuado a abertura da mostra gastronómica que este ano contou com cerca de 60 empresas na tenda empresarial, 65 produtores e 46 artesãos.
A hora de almoço chegava e o cheiro da boa comida da região começava a tomar conta dos olfatos de todos os presentes. As oito tasquinhas – de diferentes associações do Concelho – proporcionaram diversos pratos, onde o chícharo foi rei, fazendo as delícias de toda a gente. De notar que o recinto das refeições esteve quase sempre lotado, tendo mesmo havido gente que teve de esperar por um lugar para se sentar e assim poder saborear o belo do chícharo.
Também pela hora de almoço, 12h30, começou o programa “Somos Portugal” da TVI que foi transmitido para o resto do país e do mundo, em direto do recinto do evento, até perto das 20h. Como é habitual, e em Alvaiázere não foi exceção, são milhares as pessoas que acorrem a assistir a este programa que tem como objetivo promover o que de melhor se faz por cada sítio onde passa. O parque multiusos voltou a encher-se até porque o tempo soalheiro que se fazia sentir no domingo a isso convidava.
Ao mesmo tempo, no museu municipal, aconteceu uma animação de época na exposição de ofícios tradicionais, proporcionada pelo Rancho Folclórico de Pussos. Às 18h00, a Escola Tecnológica e Profissional de Sicó realizou um showcooking onde mostrou e deu a provar alguns pratos com chícharo, além de uma bebida exclusivamente feita com produtos da região.
O dia estava quase no fim, mas houve tempo ainda para discutir o rural e as suas oportunidades, na segunda mesa redonda organizada pela ADECA.
O palco um ganhou vida ao som dos acordeões e acolheu o Festival Internacional de Acordeão, tendo-se enchido o recinto com centenas de pessoas para ver e ouvir grandes nomes internacionais e ainda Bruno Gomes, de Ferreira do Zêzere.
Último dia de festa, mas nem por isso menos importante. O último concerto ficou a cargo do artista Toy que está em grande devido à sua mais recente música “Coração não tem idade” e em que parte do refrão “Toda a noite, toda a noite” fica a entoar na cabeça de toda a gente. A encerrar a animação musical esteve a Banda Sense.
O programa do “Alvaiázere, Capital do Chícharo” foi desenhado de modo a mostrar o empenho que o Município está a fazer em promover um evento que é muito mais do que entretenimento. É acima de tudo um meio de promoção do território, das suas gentes e dos seus recursos endógenos. Pretende-se potenciar o surgimento de oportunidades de negócio, o crescimento da economia local e o reforço da notoriedade nacional e internacional do Concelho que se afirma, ano após ano, Capital do Chícharo.