Álvaro Pinto Simões, Presidente da Assembleia Municipal de Alvaiázere, foi eleito para este cargo, em 2005, que exerce até ao presente momento, por reeleições autárquicas. O mesmo acontecendo desde 1985 o que lhe permitiu desempenhar as funções de Presidente da Câmara Municipal até 2005.
“O Alvaiazerense” (O Alv.) – Na função de Presidente do órgão autárquico deliberativo e com poderes de fiscalização sobre o executivo municipal, acha que as assembleias possuem meios técnicos para exercer com eficácia essas competências?
Álvaro Simões (AS) – Como órgão deliberativo a Assembleia aprecia os documentos apresentados, pelo executivo Municipal. Estes documentos são enviados aos senhores deputados antecipadamente. Durante a sessão pedem os esclarecimentos necessários, tiram duvidas e democraticamente tomam a decisão. Caso o entendam apresentam sugestões que são ou não aceites. Não temos meios exclusivos, recorremos á câmara Municipal que põe á disposição dos deputados os meios possíveis. Nas reuniões estão presentes técnicos do município para esclarecerem qualquer dúvida e por vezes um jurista.
O Alv. – E no contexto atual, da modernização tecnológica, a assembleia acompanha essa evolução, na transmissão da informação e das suas deliberações a toda a população?
AS – Estamos a dar alguns passos importantes, nesta área, nomeadamente na participação dos senhores deputados por vídeo conferência. No entanto reconheço que temos que evoluir, nomeadamente, na transmissão das sessões através de transmissões directas.
O Alv. – Como tem sido gerir a relação das três forças políticas representativas na Assembleia Municipal de Alvaiázere?
AS – Tem sido fácil gerir as reuniões. Somos deputados eleitos por partidos diferentes, mas o nosso objetivo é o mesmo, defender os interesses do Concelho. Os assuntos são discutidos democraticamente. Não há limites de tempo nas intervenções, os senhores Deputados usam da palavra quando o solicitam, pedem esclarecimentos e depois votam em consciência, sem conflito e ordeiramente.
O Alv. – O que representa para si a política?
AS – Não me considero um político. Nunca exerci cargos partidários de relevo. Fui gestor autárquico dum concelho que adoro e nunca abandonei. Quando fui convidado para encabeçar uma lista pelo PSD, não foi fácil deixar Lisboa, onde tinha uma vida estabilizada e tinha comprado casa na zona privilegiada do Estoril. O meu emprego mantinha-se seguro em Lisboa e nem sequer me reformei pela Câmara, a minha reforma foi através do Ministério dos transportes. Só o desejo de vir para Alvaiázere, de lhe dar tudo o que sabia e não olhar a esforços para atingir os nossos objetivos me levou a aceitar. Quando a minha equipa obteve a maior votação a nível de todo o país, o Jornal Expresso veio fazer-me uma entrevista e perguntou-me: “o seu partido já o felicitou?” respondi, não. Isso não me preocupa, apesar de ter como ideologia, a Social Democracia a minha verdadeira “camisola” é de Alvaiázere e nem para dormir a tiro. Dei tudo o que podia a Alvaiázere, entreguei-me de alma e coração a este território e às suas juntas, que recebia no meu gabinete quando queriam, batiam à porta e entravam. Não tinha secretária e nos dois primeiros mandatos, não tinha vereadores a tempo inteiro, não tinha chefe de gabinete, nem adjuntos. Isto é a minha “política”.
O Alv. – Que balanço faz do último mandato na Assembleia Municipal de Alvaiázere?
AS – Um balanço positivo. Funcionou a democracia e a nível pessoal dei todo a apoio à senhora Presidente de Câmara, sempre que algo me solicitou. Sinceramente gostei muito de ter trabalhado com a Arquiteta Célia Marques.
O Alv. – E finalmente convido-o a deixar uma mensagem para os nossos concidadãos alvaiazerenses.
AS – Em despedida da vida autárquica, o meu obrigado a todos os alvaiazerenses como sempre me trataram e acarinharam. Obrigado a quantos trabalharam comigo, nestes anos, vereadores, funcionários da autarquia, Deputados Municipais e senhores Presidentes das Juntas. Na certeza que deixo a vida autárquica mas não deixo a minha terra, é aqui que quero continuar a viver, a colaborar com as associações que de mim precisem e a defender um associativismo forte. Termino dizendo que tenho um grande orgulho em ser Alvaiazerense.