O Alferes Francisco Castelão, um jovem de 24 anos natural do concelho e freguesia de Alvaiázere, terminou no passado dia 12 de outubro o curso de piloto aviador na Força Aérea e recebeu as suas “asas” (símbolo de piloto) das mãos do seu pai, José Castelão, que também foi piloto na Força Aérea, numa cerimónia que decorreu na Base Aérea Nº1 na Granja do Marquês, em Sintra, e que foi presidida pelo Chefe de Estado Maior da Força Aérea.
Em criança, Francisco Castelão já lidava com o mundo da aviação, por influência do seu pai, mas apesar de ter desde essa altura a vontade de experimentar a sensação de voar, terá sido apenas aos 18 anos que essa vontade se revelou para ele como um desejo real. Tudo aconteceu num pequeno voo de uma hora aos comandos de um Cessna 172, tendo como “instrutor” o seu pai. Nesse voo, toda aquela vontade de voar transformou-se numa sensação de pertença ao espaço aéreo e após alguns anos deparou-se com uma frase de Leonardo Da Vinci que resume tudo o que se passou naquela tarde: “uma vez tendo experimentado voar, caminharás para sempre sobre a Terra de olhos postos no Céu, pois é para lá que tencionas voltar.”
Seguir as pisadas do seu pai foi também uma das razões que levou Francisco Castelão a ingressar na Força Aérea Portuguesa (FAP). Contudo, a razão principal prendeu-se com a vontade de voar e de explorar toda as capacidades das diferentes aeronaves que a FAP dispõe. Na aviação civil, os voos resumem- se a uma descolagem, um trajeto em linha reta (a altitude constante e em piloto automático) e uma aterragem, sendo que a exploração de todas as capacidades desses aviões apenas é possível durante os voos experimentais, ficando essa tarefa incumbida a um número restrito de pilotos de teste pelo mundo fora. Foi também esta perspetiva que levou Francisco Castelão a optar pelas aeronaves militares, pois têm inúmeras vantagens em termos de velocidades, forças G (gravidade), manobras permitidas, que possibilitam uma exploração do espaço aéreo e da máquina que leva o piloto a superarse e a sentir-se realizado ao controlar aparelhos tão complexos e sofisticados como são os aviões modernos.
O jovem Francisco Castelão frequentou o curso de Piloto Aviador na Academia da Força Aérea Portuguesa com a duração de seis anos, tendo nos primeiros cinco realizado a Licenciatura em Ciências Aeronáuticas Militares e o Mestrado dedicado à justificação da NATO possuir uma capacidade de vigilância em tempo real e a todo o tempo (dia e noite e condições meteorológicas adversas) de um teatro de operações. No último ano do curso, o mais importante mas também mais difícil, realizou o Tirocínio e que agora terminou. Esta é uma fase que exige da parte do aluno piloto uma enorme capacidade de articular os conhecimentos teóricos com a parte prática (os voos), pois em situações de stress têm de ser tomadas inúmeras decisões em poucos segundos, ou seja, não é possível haver lacunas de conhecimento da parte teórica. Por outro lado, para um amante da aviação, esta fase é a mais gratificante e enriquecedora, porque, para além de se explorar todas as capacidades da aeronave, também o aluno piloto é levado aos seus limites em termos de conhecimentos e de coordenação motora.
Embora Francisco Castelão não tenha em mente uma saída da FAP, existem inúmeras saídas profissionais para um piloto em Portugal. A TAP, por exemplo, é uma empresa de aviação civil portuguesa que tem nos seus quadros alguns ex-pilotos da FAP, mas também existem muitas outras companhias aéreas que operam em Portugal e que têm igualmente pilotos oriundos da FAP. Por outro lado, existem também várias escolas de aviação um pouco por todo o país, que podem ser igualmente uma excelente escolha para o futuro de um piloto em Portugal.
Na FAP, no final do curso cada novo piloto recebe uma avaliação consoante o seu desempenho no curso e as exigências dos diferentes tipos de aeronaves e missões que elas desempenham na FAP. Conjugando essa avaliação com as preferências de cada piloto e com as vagas existentes nas diferentes esquadras de voo, é decidido superiormente o futuro dos novos pilotos.
Em termos de projectos futuros, Francisco Castelão gostaria de operar os helicópteros da Força Aérea, pois para além de ser um voo completamente diferente do que esteve habituado até agora a voar, o que oferece desde logo um enorme desafio, a sua missão de busca e salvamento é na verdade uma missão mais gratificante. Enquanto militar, Francisco Castelão será um oficial de carreira na FAP com o objetivo de atingir os mais altos postos da hierarquia militar.