Na abertura da FAFIPA, a Diretora Regional do Centro do ICNF, Fátima Araújo, defendeu a “criação de uma área protegida regional, pela riqueza da diversidade de produtos” dos municípios que integram as Terras de Sicó.
Com uma duração de cinco dias, a 41ª edição da FAFIPA decorreu entre os dias nove e treze de junho.
Na sua cerimónia de abertura, dia nove, o presidente da mesa da Assembleia Geral da Câmara Municipal de Alvaiázere, Carlos Graça, dando as boas-vindas aos presentes, começou por recordar a evolução do evento ao longo dos tempos, tornando-se atualmente num orgulho para os alvaiazerenses.
Referindo-se aos diversos setores que estão associados ao evento, abordou o “problema do abandono do setor agrícola, apesar do surgimento de novas tendências de produção, – caso das estufas”. Abandono, na sua opinião, “provocado pela desertificação do concelho”. Alertou no seu discurso, para a “necessidade de se apostar numa gestão planificada da floresta”, considerando tratar-se de um “desafio enorme para as entidades municipais, apostar no seu ordenamento, assim como na biomassa”.
No que diz respeito à pecuária, considerou-o um “setor com pouca expressão”, destacando ainda o “desaparecimento dos rebanhos”, que em parte estavam “associados à limpeza natural dos terrenos”.
Ainda no aspeto da desertificação, lembrou o “atraso do Estado no pagamento às associações, aumentado por aí também a dificuldade em encontrar pessoas para gerir as associações locais, a necessidade de se apostar num parque habitacional, como motor de desenvolvimento e de fixação de população, sendo um desafio para o futuro”.
Seguiu-se a intervenção do Presidente da Câmara Municipal, João Paulo Guerreiro, “esperançoso de um grande sucesso da FAFIPA, apesar do tempo”, salientou “o facto de no evento se encontrarem presentes mais de 100 expositores”. Apelou a que se “aproveite a gastronomia, apesar de não ser um festival astronómico”, destacando o facto de “os alvaiazerenses se sentirem orgulhosos de participar e projetar o concelho no exterior”. Destacou ainda a “necessidade do tecido económico se tornar mais pujante, por forma a que consiga atrair e fixar mais população no concelho”.
Salientou ainda a “parceria com o ICNF, Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, na conservação e ordenamento do setor florestal, razão do convite endereçado à Diretora Regional do Centro, Fátima Araújo, para estar presente na cerimónia de abertura da FAFIPA, parceria que tem como objetivo debater a melhor estratégia para o concelho em termos de gestão florestal proporcionado assim uma melhor qualidade de vida aos vindouros”. Abordou ainda o facto de Alvaiázere “ter sido dos mais afetados em termos de incêndios florestais e da intenção em integrar a área protegida das terras de Sicó”.
A concluir, a Diretora Regional do Centro do ICNF, agradecendo o convite, “destacou o facto de, se por um lado a agricultura de subsistência traz pouco rendimento às famílias, sendo um problema do interior, associado à desertificação, criando graves problemas de assimetrias; no setor industrial já proporciona algum rendimento, e é no artesanato que se encontra a preservação cultural de um território. Referindo-se ao setor florestal, considera a vertente ambiental a mais fácil de rentabilizar, contudo com as alterações climáticas, a tendência é para se verificarem mais incêndios como os de 2017”.
Destacou a “necessidade de uma mudança de atitude e de investimento”, referindo que para isso, “existe a possibilidade de todos os proprietários apresentarem candidaturas a financiamento comunitário, tendo em vista a gestão e limpeza dos territórios”. Na vertente económica, “salientou a necessidade de apostar em investimento a longo prazo, aproveitando-se os fundos do PRR, Plano de Recuperação e Resiliência, como forma de trazer mais resiliência aos territórios, em que o ICNF tem também a missão de acompanhamento em permanência aos municípios”, sugerindo, “em termos de gestão florestal, a necessidade de interrupção de grandes manchas florestais com a criação de áreas de pastorícia, ou ainda, a criação de condomínios de aldeia, como forma de proteção das populações”. A concluir, e no âmbito da biodiversidade, referiu-se à Terras de Sicó, defendendo a “criação de uma área protegida regional, pela riqueza da diversidade de produtos” dos municípios que a integram.
E, mais uma vez, o mais antigo certame do concelho de Alvaiázere, promoveu o seu território, com a apresentação do artesanato, dos produtos endógenos, velharias, oficinas, tecido empresarial, as tasquinhas, que permitiram degustar o melhor da nossa gastronomia, com a prestimosa colaboração das Associações do concelho.
E voltou também a ser palco de muita animação atraindo um público muito vasto e numeroso nos dias 9 e 10 de junho, com as atuações dos cantores Diogo Piçarra e Matias Damásio. Também no dia 11 de junho o público superou as expetativas na simbiose de um espetáculo único os Red com a Sociedade Filarmónica Alvaiazerense de Santa Cecília.
No final da atuação o Maestro, Fernando Gomes, explicou que apesar da tradição implementada da estreia dos músicos acontecer na romaria dos Covões, este ano aproveitaram esta oportunidade para apresentarem a estreia de mais sete novos elementos da banda. E sendo este um ato solene, “pedimos para cada um vir vestido com um fato de gala para este momento marcante, já que as fardas não foram entregues pelo fornecedor”.
Solicitou de seguida uma salva de palmas, a que o público acedeu prontamente para: Teresinha – Clarinete; Mafalda – Clarinete; Jiaxi – Sax tenor; Filipa – Sax Alto; Leonor – Sax Alto; Bruno – Contrabaixo; Tomas – Percussão.
E todos os presentes desejaram os maiores sucessos para estes jovens, com mais uma grande salva de palmas.
Após a apresentação destes novos músicos, que possibilitam o rejuvenescimento da Filarmónica, o Maestro agradeceu:“ à CMA pela oportunidade criada à nossa Filarmónica; à Banda RED pela paciência, companheirismo e pelo seu espírito sempre bem-disposto; à direção da Sociedade Filarmónica Alvaiazerense de Santa Cecília pelo apoio a nível moral, logístico e confiança; aos familiares e amigos destes músicos, pela sua compreensão e paciência; por fim, e claro ao mais importante, aos músicos da nossa filarmónica”.
Da nossa parte é justo reconhecer o profícuo trabalho desenvolvido por este Maestro em prol do desenvolvimento desta ancestral instituição que festeja este ano 100 anos de atividade.
Animaram ainda o certame outros cantores e grupos musicais: Duo Nova Onda; Sara Santino; John Mitchell; Hugo Rafael; D’Arromba; DJ Salito e SóRitmo.
No dia 12 de junho as marchas populares, foram cabeça de cartaz deste dia com a representação de todas as freguesias do concelho atraindo muita população, principalmente a local. No dia 13 de junho a festa foi feita também com a prata da casa com a atuação de ranchos folclóricos do concelho.
Divertiram também a população, entre outras atividades, a animação de rua, a garraiada, os passeios de tratores, o cicloturismo, a corrida noturna Luzecu e o 35.º Passeio Equestre com a concentração de cavalos e cavaleiros na manhã do dia 11 de junho junto à capela de Santo António, com a atuação da Filarmónica Alvaiazerense Santa Cecília, seguindo-se a bênção de cavaleiros e cavalos, pelo Reverendo Padre André Sequeira. A meio da manhã teve início o passeio equestre, e à tarde o desfile de cavalos e cavaleiros animaram as ruas da vila.
Em nome dos Cavaleiros da Ordem do Chícharo, Sandrina Pedrosa, agradeceu a todos os que contribuíram para o sucesso da iniciativa e marcaram presença contribuindo para elevar esta atividade, pelas demonstrações de alegria, muita união e amizade, “Foi um prazer recebermos na Capital do Chícharo, mais de duas centenas e meia de Cavaleiros e Amazonas montados ou com carros de cavalos, vindos de norte a sul do país, mostrando a riqueza do nosso património natural e a hospitalidade de um povo que tem orgulho nas suas raízes e faz deste acontecimento um estandarte de afirmação social e cultural”. E assim, mais uma vez, para cumprir a tradição, a arte equestre tem eco em Alvaiázere, desde 1988.