PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

No Dia do Concelho homenagem a José Baião

“Um concelho que não sabe valorizar o seu passado e a sua história é um concelho sem futuro. Felizmente temos tantas entidades, individuais e coletivas, a quem agradecer”. Foi desta forma que Célia Marques, presidente da Câmara Municipal de Alvaiázere, enalteceu o povo alvaiazerense, a sua história e a sua identidade no dia 13 de junho, dia do Concelho.

José Eduardo Simões Baião, “o benemérito, o advogado, o governador civil”, foi homenageado, a título póstumo, com a Medalha Municipal de Mérito, entregue ao seu familiar, Fernando Cortez Pinto Seixas. Desta maneira, a autarca exaltou todos quantos pela sua “dedicação e empenho contribuíram para que hoje Alvaiázere seja o que é”.

“Devemos ter orgulho nas nossas raízes, no nosso passado, mas também naquilo em que nos transformámos, por ação de muitos que contribuíram para esta terra, com o seu trabalho, com a sua dedicação, o seu saber e até à sua influência”, afirmou.

A cerimónia oficial abriu com a atuação do Coro Infantil de Alvaiázere e teve lugar na Casa Municipal da Cultura, onde a autarca discursou perante um auditório quase repleto, partilhando com todos o trabalho realizado pelo Executivo Municipal. “O Município submeteu já 20 candidaturas ao quadro comunitário de apoio Portugal 2020 perfazendo o valor total de investimento de aproximadamente 6 milhões de euros”, em áreas distintas como a regeneração urbana, a eficiência energética, o património natural e o ciclo da água. “Estão aprovadas a Loja do Cidadão, a Plataforma Empresarial de Alvaiázere, a obra de beneficiação e alargamento da Zona Industrial de Tróia, a intervenção na envolvente ao Tribunal, o Centro de BTT, o cadastro das infraestruturas no sistema ERSAR, a Beneficiação das Piscinas Descobertas de; 4 projetos conjuntos da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria, nomeadamente o projeto da rede cultural, o projeto Educa & Cloud, o projeto dos Produtos Turísticos Integrados e o Plano inovador de combate ao insucesso escolar e, ainda, 1 projeto no âmbito da estratégia de desenvolvimento local concebida pelo grupo de ação local Terras de Sicó, a rede de aldeias do calcário”, explanou a autarca. Ainda em preparação está a submissão de uma candidatura para a criação da nova Zona Industrial de Rego da Murta, “estimando um valor de investimento aproximado de 1 milhão e setecentos mil euros”. Ainda neste terceiro trimestre, o Município pretende submeter candidaturas no âmbito da “regeneração urbana, melhoria das condições de acessibilidade suave, eficiência energética e património natural”, mais concretamente com a criação de um parque botânico na Mata do Carrascal.

Mas “Alvaiázere é mais do que espaço físico, infraestruturas ou edificado”. Célia Marques acrescentou que “Alvaiázere é paisagem, é serra, é carvalho cerquinho, é artesanato, é etnografia, é história, é religião, é cantares, é romarias e gastronomia”.

Falando com orgulho do programa “Alvaiázere+”, referiu que através do mesmo se têm desenvolvido sessões de divulgação de apoios comunitários, sessões de formação, apoios aos jovens que estão a iniciar atividade profissional no concelho, cedência de espaços na incubadora ou até visitas de acompanhamento. “Até ao momento foram já apoiados 15 jovens que iniciaram a sua atividade económica no nosso concelho, foram concretizados 15 contratos de incubação e foram já concedidas 6 isenções de taxas a empresas que realizaram obras urbanísticas”, disse a edil.

Com o objetivo de “fortalecer a relação com todos os alvaiazerenses emigrantes”, o Município criou ainda, no final do ano passado, o Gabinete de Apoio ao Emigrante. “Todos representam e constroem diariamente esta identidade alvaiazerense. Os que aqui vivem, os que sentem este concelho como sendo seu, mas também os espalhados por todo o mundo, nos mais diversos territórios, onde são, seguramente, importantes embaixadores de Alvaiázere”. E é precisamente a construção desta identidade que leva Alvaiázere a festejar, ano após ano, o Dia do Concelho. “Hoje celebramos a nossa comunidade”. Foi desta maneira que Célia Marques terminou a sua intervenção, apelando a todos que celebrassem a comunidade com o “envolvimento das coletividades locais, com o envolvimento dos funcionários da Câmara Municipal que tanto dão de si, com o envolvimento da população”.

Para o presidente do Turismo do Centro de Portugal, Pedro Machado, que também esteve presente nesta cerimónia, o caminho é mesmo este, o de afirmação de Alvaiázere como destino turístico. “A estratégia de um município que alavanca a modernidade e a contemporaneidade em pilares tão sólidos como aqueles que são inigualáveis e irrepetíveis só pode estar sujeita ao sucesso”, referiu. Pedro Machado frisou ainda que os “turistas procuram cada vez mais o luxo do século XXI, ou seja, a segurança, o tempo e o silêncio”.

Finda a cerimónia oficial, seguiram para o Museu Municipal, onde foram inauguradas duas novas exposições: uma permanente de arqueologia “Fragmentos em diálogo” e outra temporária “Ser soldado”, no âmbito do Centenário da Grande Guerra, do colecionador Célio Dias. O corte do bolo do 12.º aniversário do Museu e o espetáculo “Amor de Margarida”, com teatro e música de rua, fecharam em beleza as cerimónias de um dia que pretende ser muito importante para todos os alvaiazerenses.

 

Biografia de José Eduardo Simões BaiãoJosé Eduardo S. Baião faleceu a 10 de novembro de 1929 em Cabaços, Pussos.

José Eduardo Simões Baião nasceu a 30 de março de 1851 em Jordões, freguesia de Pussos. Era filho de José Simões Baião e de Theresa Maria e irmão de António Simões Baião e de Francisco Simões Baião (presidente da Junta de Freguesia de Pussos, de 5 de janeiro de 1890 a 2 de janeiro de 1893 e de 2 de agosto de 1914 a 25 de março de 1918).

Foi batizado na Igreja Paroquial de Pussos a 22 de abril de 1851, tendo sido apadrinhado pelos seus avós maternos. Não há dados sobre a sua passagem pela instrução primária, sabendo-se que ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1871, tendo concluído o curso de Direito em 1875/1876. No 2º ano do curso foi premiado e declarado aluno distinto; voltou a ser distinguido como aluno exemplar no ano letivo 1873/1874.

Não havia, na maioria das famílias capacidade financeira para garantir uma educação superior aos seus educandos, ficando-se alguns pela instrução primária e outros nem sequer se chegavam a sentar nos bancos da escola. De facto, o pai de José Baião era um homem com algumas posses. Sendo uma família desafogada financeiramente, permitiu que José Baião prossegui-se os seus estudos académicos na cidade de Coimbra.

Após ter concluído o curso abriu banca de advogado na vila de Ansião. Saiu desta vila para exercer funções como administrador dos concelhos de Pombal e Ansião, onde continuou a desenvolver trabalho no âmbito da advocacia.

Levado para a política pela mão de João Franco, de quem era amigo pessoal, militou sempre no Partido Regenerador, mesmo após a saída daquele para formar o Partido Regenerado. Foi nomeado secretário dos Hospitais Civis de Lisboa, deixando esse lugar para ocupar o cargo de Governador Civil de Santarém entre 2 de julho de 1900 e 26 de outubro de 1904.

Mais tarde foi ocupar o cargo de Auditor Administrativo do Distrito de Lisboa. Ainda durante o seu percurso político foi eleito deputado pelo círculo de Leiria em várias legislaturas, tendo pertencido à Câmara – chamada à época de “Solar dos Barrigas”.

Como advogado tinha foros de sabedor, designadamente no campo do Direito Administrativo, em que se tinha especializado, chegando mesmo a ser considerado uma das pessoas mais entendidas nessa área de Direito.

Como Governador Civil de Leiria manteve- se naquela cidade a exercer o cargo entre 30 de julho e 6 de outubro do mesmo ano. Mesmo durante este curto espaço de tempo deixou, não apenas neste lugar, mas em tantos outros, um rasto de simpatia, profissionalismo e prestígio.

Foi exonerado do cargo, por razões meramente políticas, conforme despacho publicado no Diário do Governo nº 17 de 25 de outubro de 1910. Sendo fiel à causa monárquica, com o advento da República retirou-se da ribalta política, recolhendo-se na sua residência de Cabaços.

Foi, devido à reorganização da causa monárquica, escolhido pela Comissão Distrital de Leiria para vice-presidente da mesma.

Em toda a sua vida são conhecidos vários episódios que mostram a garra, determinação e amor pela sua terra. São exemplo disso: Mercado do “Cabaço” e o relógio da Igreja Paroquial de Pussos. Apesar de passar mais tempo fora da sua terra do que nela, era nos Jordões e, mais tarde, em Cabaços que o conselheiro José Eduardo Simões Baião se refugiava e convivia com as pessoas da terra. Foi desse modo que se apercebeu da necessidade de um relógio para a Igreja Paroquial de Pussos.

Ana Catarina de Oliveira