Nesta reportagem pretendemos revelar as diversas atividades multifacetadas desenvolvidas para comemorar este dia, desde a inauguração de exposições patentes no Museu Municipal de Alvaiázere, revelando a história do próprio museu, dos seus 14 anos e da Universidade Sénior com os seus 10 anos, de profícuo trabalho, lançamento do livro on line “O sítio arqueológico do Algar da Água: resultados de 2017 a 2019, localizado na serra de Alvaiázere”, muito participado e apresentação nas redes sociais da “Rota Patrimonial do concelho de Alvaiázere”.
Abertura de novas exposições no Museu Municipal de Alvaiázere
A contrariar estes tempos de pandemia, no passado dia 18 de abril, com a colaboração de diversas entidades, o Município, através do Museu Municipal de Alvaiázere, apresentou um vasto e diversificado programa para comemorar o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, concebido em 1982, e aprovado pela UNESCO em 1983, com a finalidade de sensibilizar os cidadãos para a diversidade e vulnerabilidade do património e necessidade premente da sua valorização e proteção.
A comemoração iniciou-se pela manhã, às 10h, com a inauguração da abertura de duas exposições versando temáticas de relevante interesse para a comunidade alvaiazerense, e ficando patentes ao público no Museu Municipal de Alvaiázere: “10 anos, 10 imagens”, mostra fotográfica comemorativa dos 10 anos da Universidade Sénior no concelho de Alvaiázere e “14 anos em 80 m2”, exposição sobre o percurso do Museu Municipal de Alvaiázere ao serviço da comunidade.
Lançamento de livro sobre o passado arqueológico de Alvaiázere
Pelas 11 horas foi apresentado on-line o livro “O sítio arqueológico do Algar da Água: resultados de 2017 a 2019, localizado na serra de Alvaiázere”, em parceria com o CAAPortugal e o Laboratório de Arqueologia e Conservação do Património Subaquático, do Instituto Politécnico de Tomar.
Abriu a sessão a Vereadora da Cultura, Silvia Lopes, cumprimentando os presentes, salientando a forma estranha, mas já familiar deste tipo de sessões à distância, com um agradecimento reconhecido a todos, e em especial à autora do livro, “Em meu nome pessoal e do executivo que represento, cumprimento a Doutora Alexandra Figueiredo, autora da publicação, que tanto tem dedicado o seu tempo e conhecimentos ao concelho de Alvaiázere, ao longo dos últimos anos, num envolvimento e parceria constante e permanente com o Município, no campo da Arqueologia”.
Dirigiu mais um agradecimento especial, “Cumprimento o Doutor Gonçalo Velho, Professor de ensino superior, investigador do Instituto de História Contemporânea, da Universidade Nova de Lisboa, e arqueólogo doutorado em Arqueologia e Pré-história, pela Universidade do Porto, a quem cabe a apresentação deste livro”.
Historiou o significado do lançamento desta obra neste dia comemorativo, “que mais não é do que um produto de anos de investigação, de parcerias, de sensibilização da comunidade e dos públicos visitantes para uma reflexão sobre o passado e para a importância de preparamos um futuro mais harmonioso, na consciência de que o património deve, sempre, ser fator de união, de partilha, de cidadania e de resiliência na evolução e valorização de sítios, paisagens, práticas, coleções, turismo de qualidade, entre outros.” E concluiu referindo o quanto é gratificante apoiar projetos que se desenvolvem de forma positiva e, “celebrando o património nacional, comemoramos também a solidariedade internacional em torno do conhecimento, da salvaguarda e da valorização do património em todo o mundo”.
De seguida foi dada a palavra ao apresentador da obra, Gonçalo Velho, que enfatizou a capacidade científica, da autora do livro, na exploração arqueológica local, demonstrando que esta resulta quase sempre em inovação e com um caracter pioneiro no seu trabalho de campo, relativamente a outros arqueólogos, desenvolvendo-o com recursos muito limitados, merecendo todo o apoio e reconhecimento.
Do livro destacou os resultados obtidos, com grande perspicácia, o aprofundamento teórico-metodológico, usando diversas vezes o termo, “excecional”, e o facto da importância da existência de um laboratório de campo, permitindo a mobilidade e concentração de toda equipa, estudos, análises e arquivo num único espaço, dentro da região em que se opera, garantindo uma ponte extraordinária entre as campanhas arqueológicas e os resultados cruzados em gabinete, o que raramente acontece em Portugal.
O livro revela ainda a articulação de várias ciências, como a conservação, tornando se mais eficaz na salvaguarda dos bens, que depois se articulam com o espaço do museu municipal, na devolução do património ao público. É também um retrato da aplicação de uma metodologia avançada, considerando-o um verdadeiro compêndio de arqueologia de campo para qualquer escola arqueológica. E rematou, dando os parabéns à autora e a todos os elementos que a apoiaram, assim como a toda a comunidade local.
A autora e responsável pela equipa de exploração arqueológica, Alexandra Figueiredo, após os cumprimentos habituais, refere que o livro é o resultado de um grupo de trabalho de pessoas oriundas de vários países, como, Brasil, EUA, Espanha, Itália…, com diferentes especialidades no estudo de vestígios arqueológicos pré-históricos. Enaltece a população de Alvaiázere que considera muito interessada nestas questões arqueológicas, assim como pelas condições proporcionadas pela Autarquia com a cedência de espaço para o laboratório de campo, que evitou perdas de tempo, “É bom trabalhar em Alvaiázere e termos um laboratório no centro da vila, mesmo ao lado da GNR de Alvaiázere, que para além de ser um laboratório de campo, também é um local de discussões ativas, nos períodos de campanha, por permitir estarmos todos juntos 24 horas. Hoje é um local multifacetado que permite trabalhar com uma equipa muito extensa”. A autora explicou como o estudo do Sítio, objeto do livro, é um local único no período em estudo e sobre a questão se estamos perante comunidades distintas, a investigadora esclarece que estamos perante comunidades mistas, pois nem todos cresceram na região de Alvaiázere, pelo que não eram comunidades isoladas, mas interconectadas com outras regiões. E revelou que “Alvaiázere é um diamante por lapidar”, pelo que espera existir possibilidade e apoios que permitam continuar as escavações neste Sítio, com a esperança de encontrar hominídeos e outros vestígios de grande valor, que podem “abrir Alvaiázere ao Mundo”. Após um debate dinâmico e esclarecedor a autora endereçou um agradecimento a todos e em especial ao Município por apoiar este projeto. Assim, como ao nosso jornal por divulgar esta iniciativa e disponibilizar espaço para a rubrica, “Escavar o Passado de Alvaiázere”, contribuindo para sensibilizar toda a comunidade para a preservação e valorização deste património.
A Diretora do Museu Municipal de Alvaiázere, Paula Cassiano, felicitou a autora e a sua equipa e congratulou-se pela edição deste livro que é o culminar de vários anos de investigação, no qual o museu tem sempre apoiado, por achar fundamental para o enriquecimento do mesmo.
Destacou o papel relevante do património como fator de identidade e de responsabilização coletiva para a salvaguarda dos valores que constituem a nossa herança comum e podem potenciar a atração e o turismo no nosso concelho.
Neste evento desenvolvido à distância foram muitos os que participaram revelando interesse por esta temática, já que, após a apresentação do livro, incentivaram a uma profícua conversa, em jeito de mesa redonda, com vários elementos da equipa que realizaram os trabalhos arqueológicos. Entre as questões colocadas destacamos, Luís Carlos Melo, que proporcionou sabermos a existência de outro livro na gráfica, com um titulo sugestivo, “As primeiras arquiteturas no Centro de Portugal” sobre o complexo megalítico do Rego da Murta que envolve 14 sítios arqueológicos, Carlos Esquetim, que revelou a alegria que sempre sentiu ao estar em Alvaiázere pelo interesse da comunidade local em geral, mas principalmente pela curiosidade que a equipa despertava junto da comunidade escolar, em especial alunos e professores e pelo incentivo que lhes davam, lembrando com reconhecimento o aluno, Marco que revelou um algar que tinha descoberto, que acabou por ficar com o seu nome, e que só o estudo deste, no futuro, poderá revelar a sua importância, também Daivisson, arqueólogo brasileiro, recordou com saudade, que paralelamente ao trabalho sério desenvolvido, também havia espaço para uma vivência que criava um espirito de uma grande família sob a tutela “da capitã, Professora Alexandra”, a quem endereçou os parabéns extensivos a toda a equipa, Alexandre Peixe, arqueólogo, atualmente na Holanda, refere que o projeto, no qual participa como especialista no geoprocessamento de dados, é um projeto fantástico que faz questão de colaborar, inclusive para sua valorização pessoal e Keyla Frazão, ex-aluna do Instituto Politécnico de Tomar, que transmitiu que acompanha sempre o desenvolvimento dos trabalhos em que participou há vários anos e felicitou todos os envolvidos neste evento.
O moderador da apresentação, Claúdio Monteiro, encerrou os trabalhos convicto que estes alargaram os horizontes da cultura.
O livro ficará disponível no Museu Municipal de Alvaiázere, para todos os que ficaram atraídos pelo mesmo e pretenderem conhecer mais e melhor o passado arqueológico de Alvaiázere.
Rota patrimonial do Concelho
De tarde pelas 15 horas foi feita a apresentação nas redes sociais da “Rota Patrimonial do concelho de Alvaiázere”, com vídeo promocional, divulgando os 10 painéis explicativos e 5 mesas de leitura espalhados pelo concelho de Alvaiázere, podendo ter acesso a esta rota pela internet na aplicação “Alvaiázere”, que lhe permite conhecer o património rico e único do concelho de Alvaiázere.