Um cartaz com cinco dias e menos atrativo que o ano passado foi um dos motivos apresentado para que este ano o Alvaiázere Capital do Chícharo tivesse uma menor afluência de pessoas, afirmam os comerciantes com quem o Jornal “O Alvaiazerense” falou para fazer um balanço da edição deste ano.
Joaquim Carvalho, da Pelmá, participa há vários anos no certame, tendo começado com a exposição de montras com material de construção, aquele que é o seu ramo de atividade. Tendo verificado que com a participação na feira se traduziu num incremento do número de clientes e de vendas, recentemente apostou na exposição de produtos de artesanato tradicional em madeira, tendo o seu stand conquistado o ano passado o primeiro lugar na mostra artesanal. Este ano, o júri do concurso decidiu por unanimidade não atribuir prémio nesta categoria, por considerar que não foram reunidos os requisitos necessários, algo que Joaquim Carvalho lamenta: “este ano tinha produtos novos, fiz uns pratos de chícharo com peixes e entrecosto a acompanhar, e tenho muita pena que não tenha sido entregue o prémio a ninguém, não acredito que ninguém se tivesse distinguido”. Joaquim Carvalho afirmou ainda que este ano, apesar de o volume de vendas ter aumentado, tal não se deve ao facto de ter havido mais pessoas, até porque na sua opinião foram menos. Como motivos que justificam esta menor afluência, Joaquim Carvalho apontou “um cartaz bastante extenso, que se torna cansativo para comerciantes e população”, considerando que “três dias chegavam perfeitamente” e ainda a realização das marchas populares no Estádio Municipal, “que acaba por fazer com que as pessoas fujam do recinto da feira, o que prejudica os comerciantes”, sublinhou.
Participante no Alvaiázere Capital do Chícharo desde a sua primeira edição, Manuel Silva, produtor do medalhado vinho “Vale da Brenha”, de Maçãs de Caminho, afirmou que o certame foi positivo: “quando já estamos instalados e temos um produto de excelência não existem motivos para que as coisas não corram bem”, referiu. No entanto, sublinhou alguns aspetos que, na sua opinião, poderiam ser melhorados: “o cartaz deste ano foi muito longo e tornou-se cansativo e para além disso defendo desde sempre que a suspensão do Festival Gastronómico do Chícharo na sua data própria (em outubro) foi um tiro no pé, já tive oportunidade de dizê-lo ao executivo municipal. Uma das soluções poderia passar por fazer este Festival anualmente e a FAFIPA de dois em dois ou de três em três anos”. Como aspetos positivos frisou o facto de o certame ser positivo para o Concelho, divulgando e promovendo aquilo que o mesmo tem de melhor.
A mesma opinião acerca da união dos dois eventos tem Armindo Miguel, produtor do Licor de Chícharo de Alvaiázere, que considera que realizar o Festival do Chícharo em junho “não dignifica nem valoriza o produto, uma vez que nessa altura o mesmo ainda é da colheita passada”. Por isso, acrescentou, “sendo o chícharo inclusivamente uma leguminosa quente e que deve ser comida no inverno, fazia todo o sentido que se voltasse à versão original do Festival e que este se realizasse em outubro, nem que o cartaz tivesse menos dias”. O cartaz foi também um dos aspetos menos positivos apontados por Armindo Miguel acerca da edição deste ano do Alvaiázere Capital do Chícharo, considerando que “não era o melhor cartaz de sempre, já houve anos melhores” e que isso foi um dos fatores, embora não o único, que levou a que tivesse “menor volume de faturação e menor afluência”. Não tendo dúvidas de que o certame tem tudo para continuar a ser um certame de referência, por ser “o evento âncora da economia local e uma excelente forma de continuar a divulgar o nosso trabalho”, Armindo Miguel garantiu que a participação nas próximas edições está assegurada, como tem vindo a acontecer desde 2013.
Catarina Oliveira, responsável pela empresa Doce Felicidade, que existe há cerca de dois anos e meio e que o ano passado conquistou o primeiro lugar na categoria de produtores, afirmou que manteve o nível de vendas relativamente ao ano de 2016. Apesar do resultado positivo, considerou que no domingo, dia 11 de junho, houve poucas atividades face ao número de visitantes registado, tendo sido um dia de maior afluência, lamentando que as pessoas que visitaram a feira não tivessem “nada para ver ou até mesmo para participar”.
A opinião de que este ano houve menos visitantes é unânime: Catarina Rodrigues, comerciante de queijos, defendeu que “era desnecessário haver tanto dias de feira, chegava ser só ao fim-de-semana, assim as pessoas foram vindo ao longo dos dias de forma dispersa”, isto apesar de, tal como Catarina Oliveira, o nível de vendas dos seus produtos ter sido semelhante ao do ano passado. Em termos de aspetos menos positivos e que podem ser melhorados, Catarina Rodrigues afirmou que houve muitas atividades fora do recinto da feira e que isso acabou “por afastar a população das tendas do comércio”, referindo ainda que os artistas não atraíram muitos espectadores e que houve pouca divulgação da visita de Marcelo Rebelo de Sousa ao certame, “acabando assim por vir quase só pessoas do Concelho”, concluiu.