PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

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2023: O ano de muitas incertezas

A época natalícia que acabamos de atravessar é, por tradição, aquela em que as famílias cristãs se aproximam e reúnem para celebrar o nascimento de Cristo, esquecerem eventuais dissidências, partilharem afectos e matarem saudades, sendo geralmente associada a tempos de concórdia e de paz.

Mas é também o momento de fazermos o balanço retrospectivo do ano decorrido e de perspectivar o que o novo nos poderá trazer de melhor em todos os planos essenciais à vivência humana e ao seu legítimo bem-estar.

Desta feita, porém, eu que, passe a imodéstia, me considero um optimista moderado não consigo libertar-me de uma certa apreensão e preocupação pelos dias que o novo ano nos trará e pelos seus eventos cujos reflexos, positivos e negativos, se repercutirão inexoravelmente sobre todos nós.

Desde logo, a continuação da guerra entre a Rússia e a Ucrânia que quase todos os analistas consideram como certa e a possibilidade da sua eventual escalada com todos os inconvenientes e prejuízos dela decorrentes, designadamente, a perda de vidas humanas, o aumento dos bens energéticos, nomeadamente do gás, combustíveis e energia eléctrica, e dos bens de consumo responsáveis pela inflação e aumento dos juros bancários em claro prejuízo das famílias.

Este cenário, iniciado em Fevereiro de 2022 e já de todos bem conhecido e sentido na pele, de cada vez que vamos ao supermercado, a uma bomba de combustível ou a cada recepção das contas da luz e do gás, tenderá a persistir com consequências imprevisíveis se, como tudo parece indicar, o conflito persistir indefinidamente.

E que saibamos, não se vislumbram sinais na comunidade internacional que vão no sentido de levar os dois contendores a sentarem-se à mesa e a iniciarem o processo de negociação que permita alcançar a paz e pôr fim ao conflito. Quando muito, apenas um ou outro líder europeu têm, a título individual, sussurrado algo nesse sentido o que, sem desmerecer, não é algo que nos tranquilize ou que possa vir a produzir algum efeito prático no desejado sentido da paz.

Neste contexto, teremos então de concluir que, por detrás da informação que passa para a opinião pública, outros interesses haverá que justificam a perpetuação da guerra e o apoio prestado aos beligerantes directos, quer em termos bélicos, logísticos, económicos ou financeiros.

Note-se, a propósito, que o Presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou muito recentemente que a Ucrânia poderia contar com o apoio bélico considerado necessário para recuperação integral de todo o território ocupado pela Rússia o que reforça bem a ideia de que, infelizmente, a guerra está para durar.

Por outro lado, nem sequer nos pode servir de consolo o desfecho recentíssimo do último campeonato mundial do Qatar, em que a melhor selecção de sempre do futebol português, contando nas suas fileiras com o melhor jogador do mundo, não passou dos oitavos de final, soçobrando perante os Marroquinos sem conseguir sequer beijar-lhe as redes da baliza, por uma vez que fosse, deixando todos os luso-descendentes, entre os quais me incluo, mudos e atónitos. Afinal, se não foi desta que chegamos à final de um mundial, também lá não chegaremos em 2023.

A toda a comunidade alvaiazerense, votos do melhor 2023 possível.