Vendilhões de ilusões, ingénuos, baralhados, crédulos, masoquistas ou cegos compradores que não querem ver a realidade, escravos no início do século XXI numa União Europeia que ajudámos a criar. Assistentes, espectadores e agentes de jogos de poder e de política, que influenciam todo o nosso destino e dos nossos descendentes, como se estivéssemos a assistir ou participar em jogos ou na vida dos clubes de futebol da nossa simpatia. Vividos com tal intensidade que nos deixam cegos e sem capacidade de raciocínio.
Já começou a saga dos vendilhões de ilusões, com a transformação da mentira negra em certezas e esperanças cor de rosa. Assim vai ser até às próximas eleições europeias, com pequeno interregno no rescaldo das mesmas, e reaparição até às legislativas de 2015. Vamos ver o fel transformado em mel, vamos ver a fome transformada em abastança.
Claro que a maioria dos portugueses não tem a clarividência dos nossos governantes, comentadores e jornalistas afectos e sustentados pelos actos e políticas que apoiam e apregoam como salvadoras do nosso País, para verem estes sinais de fartura. Apenas sentem que o seu bolso está vazio e que mesmo assim lhe querem levar o próprio bolso.
Como pode o País estar melhor hoje que há dois ou três anos atrás, se a dívida neste tempo subiu de 90 para 130% do PIB, se mais de 95% dos portugueses perdeu mais de 1/3 dos seus vencimentos e pensões e portanto o seu poder de compra e de poupança desapareceu, se os desempregados aumentaram para o dobro, se o País perdeu mais de 120 mil jovens bem instruídos e formados que tiveram de ir oferecer todo o seu saber e poder de trabalho ao estrangeiro? Só a clarividência, a inteligência e a capacidade de trabalho dos nossos governantes e seus apaniguados veem estas certezas e estes indicativos. Inteligência e capacidade de trabalho que têm o seu expoente máximo no primeiro ministro que nunca fez nada na vida e mesmo assim apenas aos 38 anos acabou a sua licenciatura. Só quem tem a ideia doentia de que os portugueses viviam acima das suas possibilidades, só quem diz que agora sim o País está bem porque a maioria esmagadora empobreceu e assim se vive dentro das nossas possibilidades. Só quem pensa que o bem da nossa economia está na política e prática dos baixos salários para os trabalhadores e os altíssimos vencimentos e regalias para os gestores e proprietários.
Todos sabemos, só não aceita quem não quer ver ou quem tem culpas no cartório, que ao longo da nossa história, já fomos escravos e escravizadores. Só que julgávamos não ser possível estarmos hoje novamente a ser escravizados. Estamos a ser escravizados, talvez até por uma espécie de vingança, por antigos portugueses escravizadores ou seus descendentes, estamos a ser escravizados por uma parte da Europa com tendência natural para dominar os outros, escravizá-los ou fazê-los desaparecer. Já o tentou fazer por outras vezes nestes últimos cem anos. Como nunca o conseguiu através da força das armas e dos exércitos militares, estão a tentá-lo agora através do poder económico e financeiro. Estamos a ser escravos da patroa Merkel, com a ajuda e complacência do capataz Coelho. Reparem que enquanto na Alemanha os vencimentos e as prestações sociais aumentam, esta impõe-nos que os nossos baixem. Enquanto a idade para a reforma na Alemanha baixa, esta impõe-nos que no nosso País aumente. Enquanto na Alemanha se cumpre e faz cumprir a Constituição, os seus governantes atacam e mandam atacar a nossa Constituição e criticam e mandam criticar o nosso Tribunal Constitucional porque este não se curva aos seus desígnios como faz o capataz. E nós complacentes a assistir a tudo em nome da liberdade. Ricos ucranianos.
Na selva a liberdade é boa para o leão. As gazelas não gostam muito, de certeza.
No nosso País tudo vai bem para governantes, ricos, corruptos e ladrões. Trabalhadores, necessitados e homens sérios não gostam nada.