A denominada desertificação humana, e subsequente envelhecimento, é um tema que preocupa governantes e candidatos a sê-lo, como é o caso de Rui Rio, mas tudo não passando de um projeto de intenções.
Os autarcas do interior do país, cheios de boa vontade, procuram, com maior ou menor imaginação, captar gente. Por norma, apostam na disponibilização de infraestruturas que permitam a instalação de empresas. Não discordando, creio apenas que é uma aposta redutora: todos andam ao mesmo e os resultados, salvo peculiares casos, quase nulos.
Para tentar resolver o problema, temos, primeiramente, de aceitar que este não é exclusivo do interior nem tão-pouco de Portugal. Em grande parte, ocorre devido ao decréscimo populacional, observado em quase todos os países da Europa.
Alguns países têm controlado a queda de natalidade com a absorção de imigrantes, o que, atendendo à realidade portuguesa, não se aplica, pois muitos dos que aqui chegam logo partem para outros destinos mais acolhedores.
Resta-nos ser criativos, como o autarca de uma localidade da ilha italiana de Sardenha, que disponibiliza casas por apenas um euro. Sim, um euro!
Podemos estranhar, mas não é o mesmo que muitas autarquias fazem para captar empresas? Também não disponibilizam lotes infraestruturados por um euro? Empresas que, muitas vezes, entram logo em falência?
Alvaiázere tem um imenso património edificado e, infelizmente, abandonado. Não poderia fazer o mesmo?
Recentemente, e felizmente, passou a integrar a Rede das Aldeias do Calcário. Sendo seu objetivo potenciar a promoção do património turístico e cultural, o que é de louvar, creio ser uma excelente oportunidade para algo mais.
Certamente muitos sonharam possuir uma casa numa típica aldeia de xisto ou calcária. Que tal apoiá-los?
Dir-me-ão que seria apenas para casa de férias. Talvez, mas, com outros incentivos, poderiam vir a ser uma primeira residência. Aqui poder-se-iam experimentar duas medidas: uma fiscal, isenção de IMI, tal como acontece aos estrangeiros que compram casa em Portugal, e outra social. Não há autarquia que não tenha o seu “bairrinho social”, normalmente blocos de apartamentos de duvidosa qualidade, onde se agregam pessoas sem qualquer cimento social, étnico ou religioso. Onde, mais tarde ou mais cedo, aparecem problemas de integração.
Não seria preferível a autarquia recuperar uma destas casas, na aldeia, com o respetivo quintalzinho, onde, para além de qualidade de vida, permitiria também ocupação e autosustento?
A nível nacional poder-se-ia criar uma bolsa de casas a recuperar.
A recuperação de casas contribuiria, certamente, para a criação de muitos postos de trabalho e dinamizaria a economia local.
A medida seria muito cara? Talvez, depende da perspetiva. Combater a desertificação e, ao mesmo tempo, restaurar, renovar e reutilizar o património abandonado tem de ser desígnio nacional.
Os alemães estão a pensar na gratuitidade dos transportes públicos para eliminar a poluição. A medida é cara? É! Os benefícios muitos!