Nos últimos tempos, por vários episódios, muito se tem falado de racismo. Os portugueses são ou não são racistas?
Acredito que somos um dos povos menos racistas do mundo pelo simples facto de sermos a soma de várias “raças”: celtas, iberos, lusitanos, romanos, árabes, fenícios, suevos, visigodos, negros, etc.
Parece-me ser verdade que, no fundo de cada um de nós, mais ou menos escondida, encontraremos uma pitadinha desse vírus que não terá apenas cor negra.
Se somos ou queremos ser civilizados e convictos na construção de um mundo melhor, combater o racismo é uma questão de dignidade humana.
Como em 21 de março são comemorados o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial e o Dia Mundial da Poesia, ambos instituídos pela Organização das Nações Unidas (ONU), deixo um poema de um escritor senegalês chamado Leópold Sédar Senghor, intitulado “Querido irmão branco”.
Senghor, foi presidente do Senegal, membro da Academia Francesa de Letras e o primeiro africano a completar uma licenciatura na Sorbonne.
Querido irmão branco:
Quando eu nasci, era negro.
Quando cresci, era negro.
Quando estou no sol, sou negro.
Quando adoeço, sou negro.
Quando morrer, serei negro.
Enquanto tu, homem branco,
Quando nasceste, eras rosado.
Quando cresceste, foste branco.
Quando estás no sol, ficas vermelho.
Quando sentes frio, és azul.
Quando sentes medo, és verde.
Quando adoeces, és amarelo.
Quando morreres, serás cinza.
Então, qual de nós é um homem de cor?