No momento em que escrevo esta minha crónica, os festejos/ comemorações do 25 de Abril ainda não se realizaram. Mas pelas polémicas dos últimos dias, principalmente entre a presidente da Assembleia da República, representante dos que mais deveriam defender a liberdade e os direitos dos portugueses e os capitães de Abril que nos restituíram a liberdade e nos livraram de uma ditadura déspota e cruel, parece-me que deveríamos comemorar o 25 de abril de duas maneiras: A primeira, dia de festejos populares, porque foi para o povo que o 25 de abril foi feito. A segunda , transformar o dia 25 em dia de luta nacional, porque terá que ser o povo a defender a liberdade, os seus direitos e conquistas, já que a maioria dos eleitos do povo que actualmente nos governa e que o foram na base da mentira, tudo têm feito para que neste momento estejamos a caminho de uma regressão ao tempo do antes do 25 de Abril. A saúde, a educação, a justiça, os ordenados e as reformas do Zé Povinho, têm tido ataques e roubos de tal ordem, que o espectro do antes do 25 de abril, para quem o viveu, se avista já no horizonte.
Passados 40 anos daquele glorioso dia, fazemos uma análise aos órgãos de soberania actuais e achamos uma semelhança atroz aos de antigamente. A Assembleia da República cada vez mais nos faz recordar a Assembleia Nacional, comandada de fora por Salazar, em que uma maioria afecta ao governo se comporta com o País e com os restantes eleitos pelo povo, como a Assembleia Nacional se comportava com o povo e com a ala liberal que nela conseguiu ou foi autorizada, para inglês ver, a instalarse. O actual presidente da República com a sua maneira de actuar, mais parece um verbo de encher, um faz de conta, um pau mandado ou um representante indefectível do seu partido e das suas práticas e políticas, e cada vez mais nos faz lembrar as figuras cinzentas e corta fitas dos presidentes da república dos tempos da outra senhora. No caso do primeiro-ministro essa comparação não se faz a 100%, porque este primeiro-ministro ainda não conseguiu o poder e os apoios de que Salazar dispunha e se rodeou. Para não acharmos diferença entre eles, falta a Coelho o apoio dos militares e a pide, a força para acabar com a actual Constituição e Tribunal Constitucional. Porque os tiques de ditador, o favorecimento aos amigos e patrões, ao poder financeiro e económico estão lá. Talvez até ainda mais arreigada que em Salazar, a submissão e favorecimento ao poder económico/financeiro.
Por estas razões e não só, acho que deveríamos aproveitar o dia 25 de abril e logo a seguir o 1.º de Maio, para: o dia da Liberdade para festejarmos a libertação de um povo duma ditadura cruel e obscura, mas também um dia de luta para demonstrar ao Poder que ditadura, seja ela política, económica ou financeira, nunca mais. O dia do trabalhador para festejarmos a vitória dos trabalhadores sobre a escravidão e despotismo de patrões escravocratas e dia de luta para mostrarmos aos poderes políticos e económico/financeiros que não poderão jamais fazer gato sapato dos direitos dos trabalhadores e fazer destes marionetes das suas vontades e dos seus ideais escravistas.
Aproveitar também estes dois dias para mostrar aos nossos governantes que não devem morder a mão de quem os sustenta e que nestas duas próximas eleições o povo tem o poder de voto para substituir e correr com os que só sabem mentir-lhes e tirar-lhes os direitos que conquistaram, e substituí-los por outros que nos protejam e defendam, que saibam o que é competência e não uso constante da mentira. Por essa razão, já em Maio próximo, no dia das eleições Europeias, não deveremos nem podemos dar força à preguiça ou ao deixa andar que tudo se comporá, devemos ir todos votar para assim podermos defender o nosso País, a nossa liberdade, os nossos direitos, o nosso futuro e dos nossos filhos e netos, e afugentar da nossa terra quem apenas se quer servir de nós em vez de nos servir.