PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

carlos_simoes

De vez em quando…

…, vem-nos à memória uma frase batida.

No âmbito da comemoração dos 40 anos da revolução de abril, parece fazer sentido, em várias dimensões, aquela de uma música conhecida, e que a própria suscita, "hoje é o primeiro dia do resto da tua vida".

Em primeiro lugar, há 40 anos, muitos o terão dito, sentido e assumido. Mas sobre o 25 de abril de 1974, já muita gente escreveu e falou. Bem, mal, cada um de acordo com as suas convicções, conhecimentos e/ou experiência neste marco da história de Portugal.

O que retenho, é que as comemorações deste ano foram marcadas pela quantidade, qualidade e intensidade de informação nos vários canais de comunicação social, nomeadamente na televisão, propiciando novas condições para uma melhor compreensão dos acontecimentos pelas gerações mais novas.

Pela minha parte, na essência, só posso assumir e afirmar que a revolução foi boa e que, independentemente das sequenciais lutas ideológicas acérrimas, da experiência dos governos minoritários e alianças, dos abusos das maiorias absolutas, e ainda da atual crise económica e de valores, da descredibilização geral dos políticos e dos partidos, das impunidades, Portugal está melhor. Porque apesar de tudo, penso que ainda temos o valor fundamental conquistado: liberdade e democracia.

Sabemos que o problema está no "exercício do poder", mas temos também cada vez mais consciência dos valores da cidadania.

E assim, em segundo lugar, 40 anos depois, muitos o pensarão: que, no contexto de perda da independência de governação e o ambiente de grandes dificuldades, insatisfação e descrença popular acumulada, terá de haver um primeiro dia para o resto da vida do Estado.

Para isso, é fundamental "repensar o Estado", do seu papel e das suas funções, e essa revolução que terá de acontecer por um debate nacional alargado, sem a interferência dos "eleitoralismos" e das "pseudoquestões" afins.

Menos e melhor Estado, a regular e garantir igual acessibilidade, não prescindindo nunca de funções básicas como a saúde e ação social, a segurança, a educação e a justiça.

O golpe de Estado que se tem de fazer hoje é com a arma palavra, na procura de consensos, pelo menos o mínimo e nos temas fundamentais para criar estrutura eficiente e estável.

Mas questiona-se: tem este governo condições/capacidade para o promover? E a oposição?

Seremos capazes de nos gerir com rigor económico-financeiro e com um "estado social" equilibrado?

Seria o primeiro dia do resto do nosso futuro.