PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

antonio_goncalves

Concordâncias e Discordâncias

Até aos dias de hoje, as pensões de reforma eram uma retribuição pecuniária justa, que os reformados e aposentados recebiam face ao seu tempo de trabalho e descontos nos vencimentos que por lei o patrão e o empregado eram obrigados a pagar. Os trabalhadores e as entidades patronais eram obrigadas a descontar para a Caixa Geral de Aposentações ou Caixa Nacional de Pensões, conforme pertencessem ao sector público ou privado, numa percentagem sobre os vencimentos dos trabalhadores e a sua pensão de reforma seria de acordo com os descontos em termos de quantidade temporal e salarial.

O Estado impunha as regras e o trabalhador confiando no Estado que deveria ser uma pessoa de bem, cumprindo e fazendo cumprir as leis que decreta e promulga, vivia descansado com a sua velhice, porquanto tinha contribuído com tudo o que lhe era exigido para que a sua velhice fosse tranquila e não dependente de esmolas ou favores irreais ou simulados.

Vem agora uma garotada que nunca fez nada na vida, que nunca trabalhou, em que muitos andaram com os livros debaixo do braço até aos 30 e tal anos fingindo-se de estudantes, armados em grandes sabichões e governantes de gabarito, dizer que os reformados e pensionistas estão a receber pensões e reformas muito além do que aquilo para que descontaram. Estes governantes, com as suas convicções, mentiras e práticas, dão a entender que são pessoas que foram criadas e educadas sem valores, sem sentimentos, com certeza sem família, sem amor, sem respeito pelo seu semelhante, pelos seus pais e avós. Se fossemos espiolhar o passado de alguns, talvez encontrássemos consumos de droga, violência doméstica, fuga aos impostos, atritos com agentes de autoridade e tribunais. Mas agora, que para nossa desgraça caíram no poder, não com certeza por obra e graça do Divino Espírito Santo ou de N.ª Sra. de Fátima, acham-se com graças (dom sobrenatural), para se armarem em salvadores da pátria e dos seus súbditos, para quem nunca olharam nem quiseram ou querem governar. Apenas governarem-se a si próprios, defendendo e vendendo-se aos seus patrões, para que depois de venderem o País e porem na miséria o povo, tenham a possibilidade de junto do FMI, União Europeia e Banca, arranjarem tachos que os elevem também a grandes empresários, grandes capitalistas e grandes cérebros especulativos. Que países, que povos deixam na miséria, pouco ou nada lhes interessa se isso lhes servir para os seus desígnios.

Mas voltemos às mentiras sobre as reformas e pensões. As reformas e pensões derivadas de uma carreira contributiva total, não estão inflaccionadas. A sua gestão pelos meandros de alguns governantes e governos é que foi de uma incapacidade, incompetência e desvios aterradores. Outra mentira e tentativa de pôr pensionistas contra pensionistas, é apregoarem a diferença entre pensões do sector público e do privado. Se ainda tiverem resquícios de honestidade, expliquem às pessoas que essa diferença se encontra nestas verdades: Os trabalhadores do público sempre descontaram numa carreira muito mais longa e por vencimentos reais. Era o próprio Estado que ditava as regras e descontava logo o dinheiro, antes dos pagamentos dos vencimentos; o trabalhador do sector privado, ou porque não tinha grande confiança nos benefícios sociais que esse desconto lhe traria, ou porque tinha opinião de que o dinheiro na sua mão estava mais seguro que na do Estado (como o povo é sábio) ,ou porque se deixava levar com esse argumento pelos patrões que dessa prática tirava grandes lucros, descontavam por vencimentos fictícios, recebendo grande parte do seu salário por debaixo da mesa. Outra razão está na formação e qualidade dos serviços. No público temos professores (primários, secundários e universitários), médicos, enfermeiros, economistas, contabilistas, juristas, juízes, magistrados, sargentos e oficiais das forças militares e militarizadas, engenheiros, etc., etc.. No privado a enorme maioria dos pensionistas são pensionistas não contributivos, empregados do comércio, indústria, agricultura e serviços que não exigiam licenciaturas (e como sabemos como eram pagos…)

Mas não se ficam por aqui as mentiras dos nossos governantes. Os trabalhadores do sector público aposentados antes de 2005, na realidade já não se aposentavam na quantia do seu último vencimento. Aparentemente assim era, mas na realidade a sua pensão correspondia a 90% do seu vencimento, porquanto nos anos seguintes não sofria aumento enquanto o activo e pensões antigas não eram aumentadas em 10%. De mentira em mentira os nossos governantes levam o povo à miséria e ao desespero com o beneplácito do presidente da república. Quando chegar a altura do corte das pensões, teremos talvez novamente o desabafo de sua esposa: “ò meu c… isto é com certeza influência de N.ª Sra. de Fátima (que ridículo e espelho da estatura dos nossos governantes)…