Hoje era para estar a escrever sobre a FAFIPA e sobre Alvaiázere. Não consigo!
Depois do que aconteceu nos Concelhos de Pedrogão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Perâ, só consigo pensar neles…
E não me esqueço da população da Freguesia de Maçãs de D. Maria. Mas aqui tirando a floresta e um ou outro barracão, não ficaram destruídas empresas e casas, não ficaram por terra o sonho de uma vida e acima de tudo não morreu ninguém…
Meu Deus… que brutalidade!!!
Famílias inteiras… crianças, jovens, menos jovens… como é possível acontecer esta barbaridade!!!
Sinceramente, não sei bem o que escrever. Tenho os olhos lavados em lágrimas nesta altura.
O meu COMPANHEIRO Gonçalo de Castanheira já não está entre nós. Sucumbiu a salvar Vidas. Mais um dos meus companheiros que se vai. Quantos mais são precisos morrer para fazer alguma coisa? Quantas mais famílias terão de morrer para que se faça alguma coisa?
Estou farto de comissões políticas para isto e para aquilo. Estou farto de comissões técnicas que vão elaborar um relatório para explicar o que aconteceu… Estou farto!!!
É hora de fazer alguma coisa.
E a solução não é assim tão difícil. Basta haver coragem política e a solução pode estar ali, bem próxima. Que tal criar uma cooperativa florestal que faça a gestão dos povoamentos florestais nos concelhos com elevada área florestal, com uma visão empresarial, com uma estrutura profissional, em que os proprietários não perdem o direito de propriedade mas em que a gestão florestal e silvícola passe a ser feita pela cooperativa através de engenheiros florestais, engenheiros civis e de ambiente, gestores, equipas de sapadores apoiadas com maquinaria pesada, com o apoio do exercito, etc, etc e em que seriam criadas zonas de gestão de combustível com faixas de corta fogo com espécies mais resistentes às chamas. Onde seriam criados estradões florestais de acordo com a topografia do terreno e com condições técnicas que permitiriam um eficaz combate às chamas por parte dos Bombeiros, onde o lucro dessa gestão seria distribuído em partes iguais ao das parcelas de terreno dos seus proprietários. Onde seriam efetuados serviços de limpeza de matas e onde tudo o que era daí extraído faria parte do resultado financeiro.
Deste modo não havia terrenos por limpar nem estradas por abrir. Todos receberiam em conformidade com a área dos terrenos que possuíam.
E não me digam que é difícil… Custa uma dúzia de votos? Até acho que não, mas possivelmente não custaria as vidas que os incêndios têm ceifado.
É difícil? Não, não é. A mim também me cortaram o ordenado, tiraram dias de férias, não cumpriram com o que tinha estipulado com o estado quando iniciei funções e tudo em nome da Nação porque o estado financeiro do País não permitia mais. Cortaram sem me perguntar se eu queira. Nem piei.
Portanto basta agora fazer o mesmo. Articular em Lei esta ou outra ideia e aplicá-la.
Mais nada!
Quem quer quer, quem não quer deixa de ter o terreno. O que não pode acontecer é os proprietários abandonarem por completo os terrenos e só se lembrarem deles e reclamarem a sua propriedade quando a madeira está boa para corte.
E não ponham o Estado nisto. Está mais que provado que o Estado é um mau exemplo na gestão dos seus bens. Basta ver o estado das Matas Nacionais para ver o que Estado (não) faz.
Uma última palavra para os Bombeiros. Parabéns e Obrigado. São o melhor que este País tem.
Despeço-me. Triste e amargurado.