Há ano e meio atrás, foi anunciado pelo governo que voltaríamos aos mercados em Setembro de 2013. Chegados a Outubro, não é previsível que tal se verifique a curto prazo. Já todos percebemos que a “austeridade expansionista” da “troika” foi um enorme fracasso. Prova disso são os relatórios autocríticos do FMI, concluindo que tão acelerados “ajustamentos”, como pomposamente são denominados os cortes e restrições, provocaram danos colaterais incontroláveis, ou seja economia desfeita e desemprego galopante. Apesar dos indícios de melhoria da conjuntura económica, os mesmos são insuficientes para os todo-poderosos “mercados”, que dão mais valor à credibilidade e essa como sabemos, foi desperdiçada pela coligação, na recente crise de verão. Assim, estamos no mesmo sítio onde estávamos antes da intervenção, isto é, com juros na casa dos 7%, incomportáveis para o Estado se financiar, parecendo eminente um segundo resgate, o que seria dramático, pois implicaria um redobrar de sacrifícios.
Não foi pois de estranhar, que nas eleições autárquicas, o povo tenha decidido mostrar cartão amarelo à irresponsabilidade e à incompetência. Esse voto político de protesto foi significativo nos maiores centros urbanos, com algumas excepções, reconhecendo-se que nos pequenos meios, a decisão foi mais personalizada. Digno de nota, o maior valor de abstenção (47,4%) em autárquicas. Quase metade dos eleitores optaram por não votar, o que conjugado com os resultados dos independentes, são a demonstração de como os portugueses estão “fartos” dos partidos.
Por cá, praticamente tudo na mesma. As análises são diferentes se tivermos em conta os objectivos e os resultados. Pelo primeiro critério todos perderam: isto porque o PSD anunciou a intenção de ganhar 5-0, a pensar no 4-1, objectivo não atingido. Mas aumentou o número absoluto de votos de 2009 (mais 66), com maior relevância devido à diminuição de votantes. Apesar de, por força dos independentes, ter perdido a maioria na Freguesia de Alvaiázere, venceu em todas as Freguesias e poderá reclamar vitória. E mais, viu a sua politica de endividamento ratificada pelo voto.
Os grandes derrotados foram os partidos da oposição, tanto o PS como o CDS com quebras significativas, respectivamente de 305 e 350 votos, tendo ficado assim, muito aquém das expectativas. Já que estamos em tempo de vindimas, é caso para dizer, “muita parra e pouca uva”!