PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

antonio_goncalves

Concordâncias e Discordâncias

É inconcebível a hipocrisia, a desfaçatez, o poder de dissimulação que possui o nosso primeiro-ministro. A sua faceta de camaleão permite-lhe com extraordinária facilidade adaptar-se ou modificar as suas atitudes, comportamentos e opiniões de acordo com as circunstâncias, especialmente em função dos seus interesses e conveniências pessoais, partidárias e ideológicas. O seu extraordinário mimetismo, a sua faceta de feijão frade, faz com que não consigamos ter uma opinião formada sobre a sua pessoa, o seu carácter. É tão grande o seu poder de dissimulação que não chegamos à conclusão se é o mesmo homem à segunda e quarta feira, o mesmo bicho às terças e sextas, se o mesmo animal às quintas, sábados e domingos. Senão vejamos:

O que disse como candidato às últimas eleições acerca de impostos e o que fez e continua a fazer; o que disse quanto à troika e o que fez enquanto ela cá esteve, vangloriando-se ainda de ter ido além dela; o que diz sobre o pedido de ajuda e o que realmente se passou; o que diz sobre o roubo que faz todos os dias aos reformados e funcionários públicos e o que se passa na realidade; o que diz sobre os seus amigos banqueiros e acólitos e o que na real prática faz. Ainda o desvio que já está fazendo no seu discurso aldrabão, face à proximidade de novas eleições. Esperemos no entanto que o povo não seja amnésico e não continue a dizer que são todos iguais.

Todos os partidos têm dentro das suas fileiras ovelhas ranhosas e também pessoas que não são propriamente honestas, que são corruptas. Mas daí a dizer que são todos iguais, vai uma grande diferença. Tanto na honestidade como na ideologia, na prática e na defesa de valores e matérias sociais. Mesmo na honestidade política e na sua prática. Recordemos que Jorge Coelho pediu a demissão de ministro por ter caído uma ponte, que António Vitorino fez o mesmo quando alguém pôs a circular uma insinuação falsa de que teria comprado um monte alentejano e não pagar o devido imposto de sisa. Outras demonstrações de não apêgo ao poder poderia dar, mas muitas páginas teria que ocupar. Que se passa agora?

1- Segundo a imprensa Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro, não terá declarado ao fisco remunerações que recebeu da Tecnoforma entre 1995 e 1999, altura em que exerceu funções de deputado. Estarão em causa 150 mil euros, correspondência dos 5 000 euros que recebia mensalmente daquela empresa. Perante esta notícia, o gabinete do primeiro-ministro garante que PPC mantém a convicção de que sempre cumpriu as suas obrigações fiscais. O que os portugueses necessitam, para deixarem de ser espoliados é que estes senhores tenham certezas e não convicções. Que paguem os seus impostos para que os contribuintes honestos não tenham que tapar os buracos que eles escavam. Se não pagou, dê a cara, seja honesto e peça a demissão porque não precisamos de governantes que se esqueçam ( ) das obrigações fiscais.

2- A ministra da Justiça que com a sua teimosia, a sua arrogância e vontade política por questões economicistas de tirar a justiça a milhares de portugueses, pôs os tribunais num caos, não se imaginando os prejuízos reais para a justiça e para os que dela necessitam. Diz agora que foi enganada e pede desculpa, "Todos os partidos têm dentro das suas fileiras ovelhas ranhosas e também pessoas que não são propriamente honestas, que são corruptas. Mas daí a dizer que são todos iguais, vai uma grande diferença." mas que não se demite (pudera… o apego ao poder é tão grande que o resto não conta). Que assume a responsabilidade política do caos e que irá fazer um inquérito ao que se passou. Mas a responsabilidade política de um ministro, mesmo que as falhas sejam dum seu secretário de estado ou outro membro do seu staff, não são sempre suas? Falhas graves como as cometidas não dão demissão de ninguém principalmente do ministro?…

3- Nuno Crato, ministro da Educação, perito em matemática na sua vida profissional, prejudicou milhares de pessoas ao fazer-se de surdo nos avisos que os seus colaboradores lhe fizeram, para os muitos erros na fórmula da colocação de professores. Agora atribui culpas aos serviços do ministério, o que levou a que o director-geral da administração escolar pedisse a demissão. Aceitou. Também pediu desculpa pela sua incompetência (dele ministro), mas não pede a demissão Acha que ainda não deu cabo o suficiente da escola pública, nem a transferiu para os privados na quantidade que quereria. Há portanto que aguentar ainda algum tempo mais para ver o que se pode fazer…

E com estes apegos ao poder, tanto do primeiro-ministro como dos seus colaboradores, quem sofre e paga a factura é o Zé Povinho…