Continuação do número anterior
Há dias li um livro que tenho em meu poder, escrito por Filipe S. Fernandes, intitulado "À MINHA MANEIRA" – Como Salazar resolveu o Escândalo Financeiro do Estado Novo. A página 66 verifica-se que o Banco Nacional Ultramarino esteve à beira da falência, isto em 1931. E, nessa página está escrito o seguinte: O Buraco do BNU em 1931 (em contos). Paris – 45.694. Sede BNU – 27.514. Brasil – 25.353. Angola – 66.630. Dependência do Ultramar – 77.218 . Total – 242.408.
Mas este político, que tinha visão como começou o processo para que nada acontecesse e como o processo corria com uma certa lentidão e era uma espécie de resistência passiva por parte da administração do BNU que não estava muito confortável com as condições. Foi nesta altura que António de Oliveira Salazar quase perdeu a paciência e disse "sou obrigado a declarar em nome do lugar, da minha indeligência e até da minha honestidade pessoal que isto não pode continuar assim". Escrevia ele em carta de 20 de Agosto de 1931 o Ministro das Finanças ao seu homólogo das Colónias, Armindo Monteiro, referindo-se à operação de resgate do Banco Nacional Ultramarino de então. Isto consta a fls. 79. E, o BNU não foi à falência, porque tinhamos à frente das Finanças de Portugal um HOMEM que sabia o que fazia, era honesto, tinha confiança naquilo que fazia e o que era feito por ele era por amor à pátria e aos Portugueses. Ele dizia o seguinte: "tudo pela Nação e nada contra a Nação". Quando morreu não deixou fortuna nem dinheiro, nem riqueza. Morreu pobre. Não é como os de agora, morrem podres de ricos. A prova tem-se visto. Não roubou. Foi honesto. Agora é só desviar e não roubar, porque esta palavra é muito feia. E, mais adiante do mesmo livro até se escreve a fls. 99 e 100 e se chega à conclusão de que havia muitos bancos e muitas casas bancárias, entre elas a casa bancária Cupertino de Miranda e Irmão, Lda., e os estabelecimentos bancários Rocha Machado e C.ª e Banco Económico Português e que segundo Clarense Smith, era uma associação de casa Bancária Cupertino de Miranda com o empresário angolano Bernardino Correia (este senhor penso que era dos Cabaços). Mas este banco fechou em 1931.
Caros leitores, vou terminar, uma vez que ainda tinha mais que escrever mas desta vez fico por aqui. Vejam como as coisas corriam naqueles tempos. Mas nessa altura havia gente que tinha mãos na economia de Portugal, porque queriam, eram honestos, não desviavam dinheiro dos contribuintes, não queriam ficar ricos à custa do Povo e sabiam o que faziam. Hoje estamos a ver como isto tudo vai por água a baixo, como por um rio de grande declive. E, não vejo maneira nem jeito de isto melhorar. Não aparece um homem de letras grandes. Cada um governa-se como entende, cada vez se rouba mais em todos os lados, inclusivamente nas aldeias e não só. Não sei como é isto. Com tanta política, com tanta conversa, cada vez há menos estabilidade. Antigamente deixava-se uma chave na porta de casa e ninguém vinha roubar fosse o que fosse. Andavase por todo o lado, mesmo a pé e, ninguém nos fazia qualquer mal. Hoje é uma desgraça completa. Só duas palavras "havia respeitinho".
A democracia é muito linda. Mas será que com ela se pode roubar, matar, desviar dinheiro como tem sido, e muitas outras coisas? Temos que nos respeitar uns aos outros, para andarmos tranquilos e descansados a trabalhar e poupar. Não desviem mais.
A continuar como ultimamente tem sido há uns bons anos a esta parte, parece-me bem que NÃO ESTÁ CERTO.