O perigo da hipocrisia, do cinismo e da mentira na democracia, é o podermos cair novamente na ditadura por descrença do povo. Ver um ex-primeiro ministro, uma ex-ministra das finanças e outros ex-governantes do anterior governo pronunciarem-se sobre o actual governo e sobre as medidas que ele vai tomando de acordo com os compromissos que fez com os portugueses e com os outros parceiros da coligação parlamentar, é de nos fazer pasmar.
Ao que chega a pouca vergonha, a desfaçatez de quem roubou, espoliou, durante quatro anos, todos os portugueses, especialmente e com mais brutalidade a classe média e os mais necessitados. Como têm a descaramento de dizer que hoje o País e o povo estão pior que no tempo do seu desgoverno? E a desvergonha de propor aumentos maiores que o actual governo está a dar nas pensões e vencimentos? Porque não usam o mesmo cinismo no apoio ao aumento do ordenado mínimo nacional? Porque apoiam tanto o capital e atacam o social? É este o comportamento que um partido que se diz de social-democracia deve ter? Ou é só falácia?
Mas enquanto no nosso País assistimos a este comportamento mesquinho de um ex-primeiro ministro que se fosse governo neste momento em vez de propor aumentos ainda continuaria a praticar a austeridade e a cortar 600 milhões de euros nas pensões, conforme já se tinha comprometido com a união europeia, louvemos e enalteçamos a atitude e a coragem de um homem que até ao momento eu considero a figura mais notável do século XXI. O Papa Francisco. Não pelo facto de ser papa, mas pelas atitudes, pela coragem, pelas medidas que tem tomado no seu pontificado. As suas tomadas de posição fazem dele o homem que a Igreja Católica de há muito necessitava para conquistar novos aderentes sem deixar fugir os desiludidos. Qual o papa que teria a ousadia de atacar a corrupção e as más normas que se vinham praticando dentro da própria igreja? Qual o papa que teria a coragem de dizer que o comunismo é a ideologia que mais se aproxima do cristianismo perante a defesa dos pobres, dos necessitados, dos desfavorecidos, dos escravos, dos excluídos? Claro que ele falava na ideologia, não nos praticantes daquela ideologia. Mas na Igreja também para muitos dos seus elementos a teoria não é nada parecida com a prática. O que nos deixa bastante amargurados…