PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

antonio_goncalves

Concordâncias e Discordâncias

Vemos, ouvimos e lemos, tal como dizia o saudoso Zeca Afonso, todos os dias, os grandes beneficiários com a crise no nosso País, chamarem de corajosos os nossos governantes e especialmente o primeiro-ministro. O significado que no meu tempo de escola dávamos à palavra coragem era ao acto de bravura, valentia, grandeza de alma e caracter nobre, que levava o ser humano a defender o fraco do mais forte. O contrário, atacar e bater no fraco e defender o forte era denominado de cobardia. E o que o primeiro-ministro anda a fazer quase há três anos é pura e simplesmente a praticar actos de cobardia. Mas não apenas actos de cobardia, também actos de malvadez, crueldade, direi mesmo de homicídio culposo. Dirão os seus apoiantes e beneficiários dos actos que pratica, que estou exagerando desmesuradamente. Não acho, até porque homicídio culposo, segundo os entendidos, é aquele que é cometido sem a intenção de causar a morte, mas por negligência, imprudência ou ineficácia, a causa. E convençam-me agora, os seus apoiantes, que não é isso que ele está fazendo, ao pôr em prática constante, as medidas que o seu pensamento neoliberal lhe aconselha, atacando os pobres, os idosos, os trabalhadores, os reformados e o serviço nacional de saúde, cortando especificamente nos medicamentos e na quantidade de médicos em serviços que mais mortos podem ocasionar, como por exemplo doenças cancerosas e doenças infecciosas. Nunca os nossos governantes pós 25 de Abril, fizeram tantos pobres e tantos multi-milionários. É então coragem dar tareia nos pequenos e pôr-se de cócoras perante os fortes, ou evidência de cobardia?

Hitler acreditava que a raça ariana era a mais pura e a que devia prevalecer e dominar sobre as outras e sendo assim teve por objectivo acabar com os ciganos, os polacos e outros humanos que considerava inferiores, criando o holocausto. Passos Coelho adora as ideias neoliberais, acha que os seus seguidores são os eleitos e estará a provocar o seu próprio holocausto à custa dos necessitados, dos pobres, dos idosos, dos reformados e dos funcionários públicos actuais. Em contrapartida aumenta a despesa com a Assembleia da República, com os gabinetes ministeriais, aumenta constantemente o número de assessores, chefes de gabinete, conselheiros e acompanhantes de secretários de estado, ministros e quejandos, todos boys, dando-lhes, digo bem, dando-lhes chorudos vencimentos. Chegando os seus vencimentos ao dobro ou triplo dos actuais técnicos da função pública, competentes e experientes, que venceram pelo seu trabalho e competência e não pelo cartão de boys do partido.

Nestes últimos dias também temos assistido a grandes alaridos por baixarmos o défice acima do acordado com a troica. Onde está o mérito do governo? Na coragem para roubar os que trabalham ou os que trabalharam uma vida inteira para receberem os parcos rendimentos a que têm direito? Ao vender as empresas públicas que dão lucros, deixando o Estado sem esses proveitos? Porque não vendem as que dão prejuízo? Porque não acabam com as empresas municipais que apenas servem para pagar ordenados chorudos aos seus apaniguados? Ou institutos e fundações? Ou deixam de engordar escritórios de advogados, de economistas e quejandos? É que o povo ainda só sente sacrifícios, não benefícios.

Na lógica deste governo e nos exemplos que dá, se um indivíduo cheio de dívidas roubar para manter a sua família e poder pagar aos seus credores, em vez de ser recriminado e incriminado, deverá receber elogios porque teve coragem para roubar e engenho para saber ultrapassar as suas dificuldades, deixando embora os outros em péssimo estado. E não é isso que se quer ou deve admitir num Estado de direito.