PALAVRA – A palavra não é apenas um termo, um vocábulo, um conjunto de letras. A palavra, para os homens da minha idade, tem igualmente um significado de cumprimento, obrigação, honra. Antigamente, felizmente ainda hoje para muita gente, dar a sua palavra era prometer solenemente alguma coisa, era obrigar-se a cumprir um prometimento, o pagamento de uma dívida, a prestação de um favor, etc., etc.. Era como que um empenhamento da sua honra. E a honra de um homem é um sentimento que o leva a ter uma reputação imaculada, o respeito, a reverência e a deferência dos seus semelhantes e o leva a proceder sempre correctamente por respeito de si próprio e paz da sua consciência.
Infelizmente não é isso que se passa com os nossos governantes, com os nossos representantes nas instituições democráticas e de poder no nosso País ou a ele ligadas. O presidente da república jurou por sua honra cumprir e fazer cumprir a constituição da república. Quando cumpriu este juramento? Quando lhe convinha a si, ao seu governo, ao seu partido, às suas ideias e ideais. O governo jurou governar para os portugueses. Cumpriu este juramento? Infelizmente nunca para a maioria. Apenas para alguns, para os seus interesses (deles governantes, amigos e acólitos) e dos seus ideais.
O primeiro-ministro, antes de o ser, como candidato, prometeu melhores dias para os portugueses, prometeu não aumentar impostos, prometeu melhor protecção, mais justiça, mais educação/ instrução, mais saúde. Cumpriu estas promessas? Toda a gente sabe que não. Temos o caos na justiça, na educação, na saúde. Pior que o caos, na saúde temos mortes todos os dias por falta de assistência. Apenas fingem que as coisas vão bem os poucos beneficiados, as instituições capitalistas e os apaniguados que ganharam rios de dinheiro em estudos, comissões, vendas de património nacional, venda das nossas empresas lucrativas, bons empregos como assessores, chefes de gabinete, assistentes, etc., etc..
Por estas razões, parece que não é nos nossos governantes que vamos buscar pessoas com palavra, não é na palavra de honra dos nossos governantes que vamos tirar o exemplo.
Talvez por isso, essa falha parece estar a generalizar-se e mesmo a nível local, quer a nível de governantes, representantes e também com respeito a dirigentes de instituições e associações locais, não estaremos com melhores exemplos. Parece que no último acto eleitoral de uma das nossas associações mais queridas e que antigamente era uma referência de respeito, voluntariedade, seriedade e honestidade, as coisas estiveram pelas horas da amargura. Há ou não estatutos que definam como proceder em actos eleitorais? Estatutos há, mas os conhecidos são omissos no que respeita a prazos para apresentação de listas. Segundo os interessados na não apresentação de segunda lista, parece que há umas alterações aos estatutos feitas nos longínquos anos de 1967. Onde constam essas alterações? Há ou nâo actas de tais deliberações? Foram essas alterações comunicadas e pedido o seu registo ao governo civil, como julgo ser obrigatório nessa altura? Porque não foi referido na convocatória do acto eleitoral o prazo para apresentação de listas? Não é obrigatório?
Levantada a hipótese para o cumprimento do prazo de apresentação da única lista, parece ter havido engasgamentos e atrasos na resposta. Face ao levantamento de dúvidas, lá chegou a resposta afirmativa com palavras de honra. Mas diz quem presenciou, a palavra de honra só foi dada depois dos seus dadores se terem socorrido do PONTO que estaria sentado em frente à mesa da assembleia. A ser verdade, como vamos acreditar na palavra destas pessoas? Onde está a sua honra?
Pobre associação que tanta dor, tantos sacrifícios, tantas vidas conheceu, a quem tanto amor e suor foi dado, em que mãos estás entregue. Será que os teus ideais, as tuas finalidades, já não conseguem chamar a ti alvaiazerenses bons, sérios e de respeito como os que te criaram, te serviram, engrandeceram e sempre respeitaram? Penso que sim, porque ainda os há em Alvaiázere. É preciso é saber escolhê-los e aceitá-los. Precisas é de quem te sirva e não de quem se sirva de ti.