No passado mês de dezembro antes mesmo da época Natalícia, os deputados do PS, PSD, BE, PCP e PEV, decidiram de uma forma cobarde e abscôndita dos Portugueses, alterar a Lei que regula o financiamento dos partidos políticos, para que estes saíssem beneficiados nomeadamente em sede de IVA, promovendo à custa de todos nós a sua sobrevivência financeira.
Já não bastava a controvérsia e injustiça do conteúdo em si, mas conseguiram aquelas almas deturpar a forma e fazer tudo de modo a que ninguém se apercebesse do golpe palaciano que estavam a montar.
Reuniões secretas entre as bancadas parlamentares, a altura escolhida (mesmo antes das férias Natalícias), a não existência de atas que comprovassem as presenças dos deputados e sem o respetivo o sumário das reuniões, num rol de mal feitorias à democracia Portuguesa que sai muito mal tratada deste episódio.
A intervenção de deputados do BE a elogiarem o deputado do PSD que coordenou os trabalhos foi dos momentos mais cínicos que assisti naquela que é a casa da Democracia Portuguesa. Como é possível que para esta matéria tenha existido concordância por parte dos partidos que compõem a Assembleia (à honrosa exceção do CDS e do PAN) e para matérias fulcrais e essências para Portugal como a Justiça, e Educação, a Saúde, etc, não se consigam entender. Como é possível, estes deputados que se atacam diariamente em intervenções que roçam a má educação estarem tão alinhados em matéria de financiamento partidário.
Mais uma vez, fomos salvos pelo chumbo do Exmº Presidente da República que não fez ouvidos de marcador à revolta dos Portugueses e pôs em sentido os Partidos que queriam aprovar esta miséria Lei.
Mas não é só pelo parlamento que vemos maus exemplos. Também por cá temos quem tenha atingido de morte a democracia e os órgãos autárquicos locais. Falo da recente “auto” nomeação do presidente da Junta de Alvaiázere a tempo inteiro na gestão daquele órgão.
Aproveitando uma alteração à Lei feita à medida dos caciques partidários que permite a presidência a tempo inteiro nas juntas de freguesia com população inferior a 5000 habitantes, desde que as suas remunerações sejam asseguradas da sua maior parte por verbas exteriores ao financiamento público, o presidente da Junta de Alvaiázere e Maçãs de Caminho de uma forma que não foi sufragada pelos eleitores já que na campanha eleitoral nunca referiu a sua intenção e não estava previsto no seu programa político, decidiu dedicar-se a tempo inteiro na presidência da Junta consumindo assim parte significativa das suas receitas, nomeadamente as receitas provenientes das contrapartidas financeiras da energia eólica, consagradas em protocolo.
Esta atitude dá-me razão quando defendia precisamente a extinção das Juntas de Freguesia nas sedes de concelho já que pouco ou nada acrescentam aos trabalhos a efetuar já que esses são assegurados pelos serviços municipais.
Mas o que mais me espanta é o silêncio da Assembleia de Freguesia que aprovou por maioria, com os votos contra do PS e a abstenção do deputado do PSD Fábio Pachon a quem endereço aqui os meus parabéns pela verticalidade e coragem, o orçamento para 2018 que prevê esta medida. Como é que é possível? Será que estão de acordo ou a disciplina do voto prevaleceu sobre a disciplina moral?
Não encontro paralelo nenhum em Juntas de Freguesia bem maiores do que a de Alvaiázere, como é o caso da de Pombal, ou Ansião ou Ferreira do Zêzere.
Será que não haverá onde gastar o dinheiro? Será que esse dinheiro não poderia ser distribuído por exemplo pelas Associações da Freguesia que tantas dificuldades financeiras têm? Será que já acabaram as calçadas para fazer ou só será efetuado esse serviço daqui a 3 anos antes das eleições?
É por causa de exemplos como os que aqui referi, que os políticos e a política estão tão mal com a sociedade Portuguesa. Depois não se queixem que uns populistas tipo Donald Trump ganhem eleições. Pobre Democracia a Nossa!