Inevitavelmente, terei de escrever alguma coisa sobre o morto-vivo que nos anda a infernizar e que, sendo extremamente eficaz, paralisou a sociedade global: o Covid-19.
A palavra “vírus” é de origem latina e designava, no tempo do Império Romano, um veneno ou um líquido fétido de origem animal.
Como os vírus existem há milhões de anos, tiveram tempo para aperfeiçoar a arte de sobreviver sem viver. Só sobrevivem usando uma célula de algum ser vivo.
O atual Covid-19 é um verdadeiro especialista. Mal entra nas vias aéreas dos humanos, sequestra as nossas células e cria milhões de versões de si mesmo. Perfidamente, antes do hospedeiro apresentar sintomas, já está a espalhar as suas réplicas por novos hospedeiros. É forte com uns, fraco com outros. É isto que o torna extremamente mais perigoso que os anteriores vírus pois, sendo difícil reconhecê-lo é difícil pará-lo.
Há aproximadamente cem anos, a denominada Gripe Espanhola infetou um quarto da população mundial e vitimou milhões de pessoas. Vamos pelo mesmo caminho?
A existência de uma pandemia tão devastadora é improvável mas não impossível. Atualmente, a capacidade de investigação, o conhecimento adquirido, a existência de vacinas e diversos fármacos, as condições higiénicas e económicas são muito diferentes. São?
A UNICEF alerta que 3 em 5 pessoas, cerca de três mil milhões de almas, não têm condições em casa para lavar as mãos com água e sabão, a medida mais básica na luta contra o Covid-19.
A inexistência de uma das mais baratas e eficazes formas de proteção da maioria das doenças infeciosas, coloca em especial risco as populações desfavorecidas dos países subdesenvolvidos. Curiosamente ou talvez não, este vírus apareceu num país rico e “ceifa”, por enquanto, nos países desenvolvidos.
Para terminar, lembro que o vírus, apesar de letal, não nos quer matar. Os especialistas acreditam que os vírus querem apenas ser contagiosos e que precisam dos humanos para se perpetuarem.
Seguindo esta lógica, o Covid-19, que agora mata milhares, por ainda estar no início da sua vida, pouco a pouco, com o tempo, irá descobrir que há uma maneira melhor de sobreviver e passará a ser mais um dos coronavírus que circulam todos os anos, causando um pouco de catarro e pingo no nariz.
Espero não me enganar!