PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

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As dívidas e as dúvidas!

Durante o mês de férias que agora findou, aproveitámos para fazer uma retrospectiva às publicações do jornal, desde de Janeiro de 2011, data em que o signatário assumiu o actual cargo. Esta “viagem ao passado” permitiu-nos uma análise aprofundada dos conteúdos, que nos pareceu em parte adequada. E apenas em parte, porque concluímos que temos sido deficitários, na abordagem de alguns temas de supra importância, designadamente no que se refere à governação do concelho. Em termos de autocrítica, reconhecemos que temos optado pelo comodismo de evitar confrontos e polémicas. Apesar de não ser a sua principal vocação, não deverá este jornal questionar o poder político, sobre as suas opções governativas e estratégias adoptadas? Não queremos fazer juízos de valor, mais importante que isso, será fomentar a discussão pública sobre as questões fundamentais para a comunidade alvaiazerense. Perante esta atitude, de fuga ao confronto, por conformismo ou mero comodismo, pedimos desculpa aos nossos leitores e prometemos que tentaremos rectificar. Tarde é o que nunca vem!

E precisamente agora, em tempo de campanha, será oportuno trazer à discussão temas da maior importância. A abordagem adequada passará por analisar o trabalho realizado, por quem detém o poder. De relevância extrema é o aspecto financeiro, que o actual presidente e também candidato tem tido tanta preocupação em defender, dizendo que a situação da edilidade está bem e recomenda-se, afirmando mesmo ” que nunca esta câmara municipal recorreu a mecanismos de restruturação de dívida” (minuto 81 do filme da apresentação da candidatura da Rádio Hertz). Todavia, não foi isso que aconteceu ao aderir ao Programa de Apoio à Economia Local (PAEL), que mais não é do que um empréstimo do Estado, no valor aproximado de 1.718.000,00 (Um milhão, setecentos e dezoito mil) euros, que tem de ser pago em 14 anos, conforme contrato datado de 16 de Novembro do ano passado, (pesquisar no Google por contrato PAEL Alvaiázere). De acordo com a cláusula sexta, o empréstimo terá de ser reembolsado em 28 prestações iguais e consecutivas com início em 15 de Maio de 2013 e fim em 15 de Novembro de 2026!!!!!!

Este empréstimo a juros baixos e sem exigências de maior, permitiu que algumas Câmaras com dificuldades financeiras liquidassem dívidas vencidas há mais de 90 dias, injectando (parte do) dinheiro nas economias locais. Mas não deixa de ser um empréstimo! Algumas dessas dívidas já tinham anos, isto é, vinham do 1º mandato, porque como é do conhecimento público, Álvaro Pinto Simões deixou a “casa arrumada”!

Caso o candidato Paulo Morgado vença as próximas autárquicas, terminará o seu mandato em finais de 2017, não se podendo recandidatar para o mandato imediatamente seguinte, deixando para o(s) seu(s) sucessor(es) liquidarem sensivelmente 1.100.000,00 (Um Milhão e Cem Mil euros), mais os respectivos juros. São mais de dois mandatos de terceiros, a pagar dívidas efectuadas entre 2005 e 2012, pelo actual presidente!

E em nome de quê? Será consensual aceitar endividamento moderado, cujos objectivos o justifiquem. Aqui chegados, faz sentido questionar: Que opções justificam este endividamento que irá condicionar, em parte, o futuro do concelho? A aposta em requalificação urbana, alguma dela com equipamentos caros e de dispendiosa manutenção? A execução de ciclovias, copiadas de uma qualquer cidade europeia, infestada de trânsito? A execução da “circular à volta do Concelho” para ligar as freguesias em anel? A ligação de Alvaiázere ao litoral? Alvaiázere Século XXI megalómana e as condicionantes que impõe a quem pretende recuperar prédios degradados? Investimento em imobiliário? Investimento exagerado em equipamentos e máquinas? Perguntas legítimas, que merecem uma análise cuidada. Após o 25 de Abril e até final dos mandatos de Pinto Simões, os autarcas de então tiveram a preocupação de dotar o concelho da (quase) totalidade das infra-estruturas básicas e dos equipamentos sociais necessários. Em 2005, para além de completar as infra-estruturas em falta, não faria sentido uma nova orientação estratégica, a pensar nas pessoas e na sua subsistência? Em 2005 o concelho tinha 7400 eleitores, este ano tem 7000. Que medidas concretas foram tomadas para contrariar a desertificação e pelo contrário estimular a fixação das famílias, garantindo a sua sustentabilidade? Onde está o parque empresarial planeado, que permita aliciar empresas a criarem postos de trabalho?

Igualmente uma questão para a oposição: Porque não se têm feito ouvir sobre estas problemáticas? O responsável concelhio de CDS-PP, pontualmente manifesta-se no Fórum e consultando algumas actas da câmara e/ou da Assembleia Municipal, apercebemo-nos de declarações de votos de vereadores e/ou deputados da oposição, mas será isso o suficiente para quem tem o dever e a obrigação de fiscalizar o poder em vigência?

Não nos compete, nem queremos dar respostas, mas é imperioso que as perguntas sejam feitas! Fica aberta a discussão e estaremos mais do que nunca à espera da argumentação dos diversos candidatos, por forma a tomarmos uma decisão e no dia 29 de Setembro cumprirmos o nosso dever cívico e de cidadania: VOTAR EM CONSCIÊNCIA!