PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

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O Venerável Frei Inácio de Jesus religioso da Ordem da Santíssima Trindade

A vida e obra do Venerável Fr. Inácio de Jesus nascido em Alvaiázere por volta de 1538, filho de João Alvares e Brites Tavares – cujo nome antes de ingressar na Ordem da Santíssima Trindade era Inácio Tavares, permanece nos dias de hoje no esquecimento da maior parte dos estudiosos e inclusive dos Alvaiazerenses.

Procuraremos em poucas palavras, mas de forma concisa e sucinta, dar uma visão clara do que foram alguns passos da vida e obra deste homem, tendo por base a síntese feita por José Barbosa Canaes de Figueiredo Castello- Branco nos seus Estudos biographicos ou noticias das pessoas retratadas nos quadros pertencentes à Biblioteca Nacional de Lisboa editados em Lisboa no ano de 1854, cuja fonte de informação provém da Historia Chronologica da Esclarecida Ordem da SS. Trindade, Redempção de Cativos, da Provincia de Portugal de Fr. Jerónimo de S. José, Tom. I, Lisboa, 1789, saída da Oficina de Simão Thaddeo Ferreira.

Segundo este último autor, Alvaiázere era, em 1789, citamos: "lugar de 200 visinhos, quatro leguas ao Norte de Thomar, cuja terra tanto no espiritual, como no temporal pertence á illustrissima casa dos Marquezes de Ferreira."

Fr. Inácio de Jesus foi recebido como órfão no Colégio da vila de Tomar, após ter falecido seu pai, onde "lhe deram santa educação e aprendeu a lingua latina no Mosteiro Capitular da Ordem de Nosso Senhor Jesus Christo daquella villa."

Em 1556 e após ter pedido o hábito da Ordem da Santíssima Trindade foi admitido pelos religiosos no Mosteiro de Santarém, "captivos da grande vocação, que mostrava". Professou com o nome de Fr. Inácio de Jesus, tendo feito, citamos: "estudos no Collegio do seu Monastico, e, auxiliando o talento com o trabalho, e as santas inclinações com a oração, veio em pouco tempo a conhecer a sciencia dos Santos, e a tornar-se insigne na prática de todas as virtudes, que constituem a perfeição do Religioso: por estes dotes mereceu a dignidade Sacerdotal, a que foi elevado, e começou a semear com proveito a palavra do Senhor."

Em 1570, por ordens dos seus Superiores, acompanhou Fr. Roque do Espirito Santo a Marrocos e com ele resgatou duzentos cativos. Foi eleito Ministro dos Mosteiros de Santarém e de Tanger, os quais dirigiu com zelo e caridade, tendo sido um verdadeiro exemplo na observância. Depois da perda da batalha de Alcácer Quibir dirigiu-se uma vez mais com Fr. Roque do Espírito Santo a Marrocos para tratar da redenção dos cativos e para pedir, citamos: "o corpo de ElRei D. Sebastião da parte do Cardeal Rei: havendo-o conseguido, o enviou a Masagão; esteve em Fez; voltou a Marrocos a pedir a abertura dos portos para o resgate, embaraçada pelo Alcaide de Tetuão, e resgatou sobre fiança de sua pessoa setenta e um captivos, que tambem enviou a Masagão; depois, auxiliado pela ida do Embaixador D. Francisco da Costa, resgatou mais cento e sessenta e um."

(Continua na próxima edição)