E a trapalhada continua. Chega a ser torpe a maneira como o governo engana/tenta enganar os portugueses, mas neste momento só se deixa enganar quem quer ou quem é cego. E como o maior cego é aquele que não quer ver…
Não se pode baixar a carga fiscal, diz o governo. Todos os analistas e maioria dos economistas dizem que seria possível, mas desde o início do seu mandato que o principal projecto, que não esconde, deste governo, é empobrecer o País. Como estamos em vésperas de eleições e querem enganar o Zé Povinho, arranjam artimanhas de bradar aos céus. Eleva-se ao impossível a meta de cobrança de impostos sobre o trabalho e consumo e promete-se que a cobrança que ultrapassar essa fasquia será devolvida aos portugueses. Promessa que tem toda a possibilidade de incumprimento, primeiro porque o patamar de cobrança é praticamente impossível de atingir, segundo porque o governo em 2016 já não é o mesmo e poderá não ter estas ideias. Como dizia Manuela Ferreira Leite, ex-dirigente do PSD e ex-ministra das finanças, o que consta de um orçamento só tem aplicabilidade obrigatória durante a vigência desse orçamento, e como os orçamentos são anuais…
Mas o que interessa é enganar o Zé Povinho e tentar entalar os que lhes sucederão. Até já se prometem baixa de impostos, aumentos de benefícios e quejandos para 2018. E quem cumprirá?… Que pouca vergonha e má formação ao tentarem passar atestados de estupidez e ignorância aos portugueses, mas é uma característica deste governo passar atestados de burrice e estupidez a todos nós.
O primeiro-ministro e a ministra das finanças dizem que este orçamento é bom e já traz uma pequena devolução daquilo que nos vão tirando, ao mesmo tempo que continuam a atacar o tribunal constitucional. Ora o que eles dizem de bom que este orçamento traz é aquilo que o tribunal constitucional obrigou a fazer. Para quem não é cego… tire conclusões.
A incompetência é muita em sede deste governo. Muitos ministros já não fariam parte do governo se estivéssemos num país de governantes sérios e honestos, ou simplesmente se tivéssemos um primeiro-ministro sério e competente. Assim mantendo-os, escuda-se nas suas asneiras e incompetências, tirando a visibilidade às suas próprias asneiras, faltas e incumprimentos legais, incompetência e arrogância. Protegido ainda por um presidente da república que nos traz à memória um qualquer Américo Tomás. Mas quem tem telhados de vidro não pode atirar pedras aos telhados dos outros. Actualmente só sabe falar em consensos, palavra que dantes desconhecia. Será que quer consensos no sentido de acordos da vontade de duas partes ou quer apenas consensos no sentido de consentimento? Pareceme que o presidente da república e o primeiro-ministro apenas querem a segunda hipótese. Se não teriam cumprido o acordo para a vinda da troika e não o teriam alterado quase na totalidade. O que queriam, por uma questão de conveniência, era que o PS consentisse, assinando, tudo o que Passos Coelho quer impingir aos portugueses. Ora isso não seria consenso, seria uma anuência ou consentimento cego e sem sentido. Seria uma certidão de óbito ao resto do Estado Social que ainda temos. E teríamos na mão de privados a educação pública, a saúde pública, a justiça e a segurança social, e tudo isto a encher a barriga ao capital através dos impostos que nos impõem até à exaustão. Ora o PS, como um partido da área do socialismo e da social-democracia não poderia de maneira alguma participar neste crime.
Grosso modo o que se deve pretender é que haja uma economia que dê lucros para benefício do povo e não uma política que obrigue o povo a trabalhar e a empobrecer para benefício da economia. O que se pretende é que o dever que o povo tem de contribuir com os seus impostos para que as instituições do seu país funcionem como deve ser, traga o retorno em direitos sociais para seu benefício e não para benefício de quem apenas se serve dele, povo, do seu trabalho, dos seus sacrifícios e dos seus impostos.