A incerteza da certeza ou a certeza da incerteza do certo que certamente irá acontecer…
"E esta hein?!", diria o saudoso jornalista F. Pessa.
Parece que todos venceram as eleições. Mas, explícito só houve um vencedor, a abstenção, com 44%. Depois, seguiram-se a PaF com 37%, o PS com 32%, o BE com 10% e a CDU com 8%.
Maiorias? PaF e PS, representam 70%, e PS com BE e CDU, 50%. Deputados? São 230, eleitos pelos votos expressos e válidos. Questiona-se: e se a abstenção fosse tomada em consideração? Aceite como manifestação de opinião, de não se reverem nos concorrentes e/ou programas, não poderia ter efeitos de ditar a eliminação de lugares de deputados, mantendo-se a proporcionalidade do método de representatividade? Facto é que qualquer que seja o número de votantes, elege-se sempre os 230.
O quê!? Doido!? Pois sim, acho que anda tudo doido, a começar pelo PR "Acabado Silva", nome dado pelo antigo programa de tv "contrainformação" e que parece acabar apropriado neste tempo. Vejamos, para além do tempo em que engordou o funcionalismo público, em que nunca se enganava e raramente tinha dúvidas, está agora em sintonia com os conselhos que deu há uns tempos quando se queixou da sua fraca reforma, aliás, reformas, reclamando contra os seus cortes e apelando depois à confiança cega no BES em continuidade ao sucesso dos seus negócios no BPN, por muito bom olho nas especulações do mercado.
Sim, com a legitimidade reconhecida por todos para a indigitação do PM do partido mais votado, que bem fez, mas não para afirmar agressivamente que todo e qualquer cidadão, diretamente ou por representação parlamentar, não tem os mesmos direitos e deveres.
Naturalmente, pelo que afirmei não posso dizer que "no melhor pano cai a nódoa". É antes uma revelação que me dá razão. Até porque, pessoalmente, não defendo os radicalismos de esquerda ou de direita, e ideologias de ilusão. Mas também, como dizia Voltaire, "não concordo com o que dizes mas defenderei até à morte o teu direito de o dizeres".
Já não há papões, mas há preocupações. Há serviços e funções públicas fundamentais, mas háos também dispensáveis, há deficit público e dívida pública a controlar, há volume de impostos no limite, há investimento e criação de emprego que pode ou não realizar-se.
Estabilidade?! Todos querem e precisa-se. A que custo? A memória tem sido curta.
Voltando às maiorias parlamentares, fica a incerteza do que representam e a certeza do que querem representar.