Está a terminar o mandato da actual direcção, que iniciou funções em Janeiro de 2011. Como é público, em Julho do ano passado, o jornal foi alvo de cerrado ataque, aquando da apresentação da candidatura do actual presidente da câmara. À data classificámos esse incidente como lamentável e injusto. Lamentável, pela forma como o nosso jornal foi insultado repetida e enfaticamente, e injusto pelas incorrecções apresentadas. Para total esclarecimento, relembramos que foi alegado que não teriam sido divulgados três eventos: o facto do município ser o "campeão" do aproveitamento dos fundos comunitários, ter sido considerado o segundo melhor concelho para estudar e a "menção honrosa" na modernização administrativa. Ora na verdade, a primeira notícia foi objecto de primeira página de Janeiro de 2012, que pode ser consultada no site do jornal, e as duas restantes situações são referentes a 2010 e 2009, pelo que não se enquadram na responsabilidade do director signatário.
Apesar de ao longo dos últimos trinta e três anos terem surgido algumas situações de melindre com o poder, nunca foi apanágio do jornal a análise da política autárquica, movendo-se apenas pelo seu grande objectivo de "elo de ligação" da comunidade alvaiazerense. Sucede que as acusações e a intromissão no nosso trabalho, nos "escancarou" as portas, para trilharmos caminhos "nunca antes navegados" e podermos abordar e analisar a governação do concelho. Tanto mais que, na nossa opinião, tem sido altamente lesiva para os interesses do concelho. Principalmente no seu futuro. E comprovando isso, no início do mês passado, o presidente da câmara anunciou a sua renúncia. Os argumentos apresentados são o reconhecimento de uma estratégia errada e o recuo face à mesma. Apesar de ninguém se recordar de ter ouvido falar num projecto a dez anos, concordamos que as candidaturas ao novo quadro de incentivos comunitários deverão ser repensadas. Terão de ser essencialmente selectivas, definidas com critério e rigor, não esquecendo que é necessário sempre uma comparticipação de capital próprio e é fundamental ponderar se tal se justifica.
A par com a limitação de mandatos que veio condicionar uma carreira que poderia chegar a duas ou mesmo três décadas, faltou um objectivo motivador, alicerçado numa estratégia bem pensada, estruturada e fundamentalmente realista. Estratégia não é colocar "os ovos todos no mesmo cesto" e candidatar-se a tudo o que são fundos comunitários. A requalificação urbana é desejável, mas q.b..
Investimentos fora de contexto acabam em asfixia orçamental. O empréstimo PAEL é a prova disso. Abrir inúmeras ruas, rebentar com muros e paredes, cortar a este e aquele, a torto e a direito, foi a seguir ao 25 de Abril de 74. Faltou aconselhamento, "um abre olhos", alguém que alertasse para a impossibilidade. Lembram-se de Alvaiázere XXI? Ruas da vila com separadores centrais floridos, largas, com passeios que obrigavam casas seculares a recuar. E da Circular Externa estruturante? E da Estrada Litoral? E da Ligação Anel das sedes de freguesias? Enfim ficções e sonhos do poder! E no que deu? Dívidas e ambiguidades! Investimento em terrenos e casas velhas ou em ruínas, sem retorno a curto prazo, comprovado pela recente hasta pública de alienação, deserta. Imobilizado em máquinas e equipamento excessivo e desnecessário que acabarão por se degradar. Arruamentos com materiais inadequados, basta ver as lajetas partidas da ex-Rua Martins Rangel, colunas de iluminação caras e de difícil manutenção, mobiliário a preço tipo "Armani" sujeito a vandalismo. Enfim um esbanjar e estragar de dinheiro. A cosmética superou o fundamental: as pessoas. A estratégia a seguir deveria ter como essencial o estancar o abandono do concelho, dar condições para a fixação e manutenção de população.
Todavia sejamos justos, nesse campo nem tudo foi negativo e teremos de aplaudir a "pressão" para a execução da A13 que nos tirou do isolamento, os apoios à educação e a algumas instituições e associações. Também alguma da requalificação foi válida e bem conseguida.
Mas no deve e o haver, consideramos negativos os anos de gestão do actual presidente da câmara e contra factos não há argumentos. Cada vez temos menos população e menos serviços. Alvaiázere muitas das vezes parece terra de ninguém. A zona central continua com quintais e sem "sala de visitas".
Mas que não se confunda a função com a pessoa. Pelo Paulo Tito temos o máximo respeito e nada a apontar. Para o presidente, a mensagem de que foi para nós uma desilusão muito grande e ficou muito aquém das expectativas. Resta-nos lamentar e esperar que quem se seguir no poder, para além de pagar a dívida contraída, a política não lhe mude o carácter e a maneira de ser e que seja igual a si próprio. Da nossa parte, resta-nos pedir desculpa por qualquer coisinha…