Já lá vão quarenta e nove anos de democracia, iniciados na madrugada de 25 de Abril de 1974, quando um punhado de jovens soldados, capitaneados por Salgueiro Maia, saiu da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e rumou a Lisboa, acantonando-se na Praça do Comércio que à época simbolizava o centro do poder, partindo mais tarde para o Largo do Carmo, onde o então Primeiro Ministro, Marcelo Caetano, encontrara refúgio, vindo depois a render-se aos revolucionários.

Acilio Godinho
Calma, não se assustem com o título pois está tudo tranquilo pelas margens do Mondego, esse simpático e pachorrento rio que nasce na serra da Estrela, atravessa Coímbra e desagua na Figueira da Foz, em tempos idos também baptizado pelos estudantes de “Basófias”.
No passado mês de Fevereiro, o país acordou sobressaltado com o anúncio do Governo de mais de uma dúzia de medidas destinadas a revitalizar o parque habitacional, sinteticamente designado por “Mais Habitação”, com vista a aumentar a oferta de imóveis para esse fim, mormente nos centros urbanos.
Há uns anos atrás, como alguns estarão lembrados, correu na televisão uma rábula humorística acerca de um infortunado náufrago, arrastado para uma ilha deserta, que passava os dias a desafiar a imaginação para sobreviver e a perscrutar o horizonte na ânsia de avistar um barco que o levasse de volta ao seu amado país, Portugal.
A época natalícia que acabamos de atravessar é, por tradição, aquela em que as famílias cristãs se aproximam e reúnem para celebrar o nascimento de Cristo, esquecerem eventuais dissidências, partilharem afectos e matarem saudades, sendo geralmente associada a tempos de concórdia e de paz.
Mas é também o momento de fazermos o balanço retrospectivo do ano decorrido e de perspectivar o que o novo nos poderá trazer de melhor em todos os planos essenciais à vivência humana e ao seu legítimo bem-estar.
No momento em que escrevo, a bola já começou a rolar no estádio Al-Bayt, entre as equipas do Qatar, país anfitrião, e do Equador, dando início ao mundial de futebol-2022 marcado por várias polémicas.
Portugal é, desde 1974, um país democrático baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia representativa - artigo 2º, da Constituição da República Portuguesa (CRP).
No momento em que escrevo estas linhas, a guerra na Ucrânia perpetrada pela Rússia acabou de perfazer sete longos meses e salda-se por um imenso e imparável rol de destruição, incluindo perdas de vidas humanas, entre elas várias centenas de crianças, infra-estruturas sociais e económicas, habitações, escolas, creches, hospitais, etc.
No último sábado de Julho, após declarações dos Comandantes dos Bombeiros de Alvaiázere e de Ansião à SIC, denunciando falhas ocorridas no sistema de comunicações de emergência, SIRESP, durante os incêndios que nesse mês lavraram naqueles municípios, o Governo, pela voz do MAI e da Sr.ª Secretária de Estado da Protecção Civil (SEPC), apressou-se a desmentir ou a desvalorizar tais falhas.
Na segunda semana de Julho, de um dia para o outro, o país acordou em sobressalto com o crepitar das chamas no concelho de Ourém que de imediato alastraram aos municípios vizinhos de Alvaiázere e Ferreira do Zêzere, depois a Pombal e Ansião, com uma voracidade inaudita, deixando um desolador rasto de cinzas e de destruição por onde passou.