No dia 18 de maio, Dia Internacional dos Museus, foi lançado pelo governo, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, um novo jogo de lotaria instantânea denominado “Do Património Cultural”.
Dir-me-ão que é uma raspadinha como outra qualquer, apenas diferente no beneficiário pois esta servirá para angariar verbas para um Fundo de Salvaguarda do Património Cultural.
A receita, estimada em cerca de cinco milhões de euros anuais, será canalizada para as despesas relacionadas com a valorização patrimonial.
Segundo a ministra da Cultura, Graça da Fonseca, a Lotaria do Património Cultural tem como objetivo “envolver todos”; “Para que cada cidadão se sinta parte da missão nacional de preservar o património, Fazer com que cada um de nós se sinta parte de algo que tem de ser de todos.”
Aparentemente, a ideia parece boa, pois é desolador ver o nosso património ao abandono, mas, e aqui é que está o busílis da questão, quem é que compra este jogo e, consequentemente, vai financiar o projeto?
Vários estudos indicam que este tipo jogo é consumido por pessoas carenciadas e vulneráveis e é suscetível de provocar adição.
Também não parece que os mais abonados financeiramente andem a comprar raspadinhas. A própria Santa Casa da Misericórdia de Lisboa reconhece que cerca de 80% das pessoas que as compram são de classe média baixa e baixa.
Parece-me conveniente e urgente que se iniciem estudos sobre as graves consequências sociais do vício destas lotarias instantâneas, vulgarmente conhecidas como raspadinhas.
Para finalizar, e dando crédito a um estudo de Maria João Ribeiro Kaiseler, somos, em média, os maiores consumidores mundiais deste tipo de jogos, é pertinente perguntar se teremos tempo, interesse ou dinheiro para entrar, por exemplo, num museu.