A 1 e 2 de novembro, Dia de Todos os Santos e Dia dos Fiéis Defuntos, os cristãos prestam homenagem aos mortos e rumam aos cemitérios.
Sendo estes criados como cidades para os mortos, este ano, em algumas localidades, devido ao Covid 19, não se puderam transformar em cidades dos vivos.
É evidente que não é só nestes dias que se recordam os que partiram, da mesma forma que não é só para os lembrar que se visitam os cemitérios.
Apesar de estarem associados ao culto dos mortos, podem também ser representantes da herança cultural de um país ou região, sendo, em alguns casos, verdadeiros museus ao ar livre.
Como lugares de cultura, um pouco por todo o mundo, tornaram-se locais de visita obrigatória em muitas rotas turísticas.
No nosso concelho, relembro a forma meritória, como se têm envidado esforços para a conservação e divulgação dos cemitérios antigos pois foram feitos para que nós, os vivos, os pudéssemos admirar. As construções, mormente, os jazigos, para além da vertente artística, são uma forma de honrar o nome do falecido e o seu estatuto social.
Voltando ao Dia de Todos os Santos, a sua origem perde-se na bruma do tempo. No ano 835 d. C., o Papa Gregório IV, devido ao elevado número de mártires que se veneravam em cada dia do ano, escolheu o dia 1 de novembro para celebrar todos aqueles que “intercediam a Jesus pelos humanos”.
Recuando um pouco mais, ao tempo dos celtas que passaram pelo território português, vemos que este povo festejava o início do inverno com dois objetivos: apaziguar os poderes do outro mundo, incorporados nas almas dos mortos, e pedir abundância nas colheitas futuras. Para tal, acendiam uma fogueira, significando a vida e a esperança, e organizando grandes banquetes onde se bebia abundantemente. Este tipo de comportamento não foi exclusivo deste povo pois os romanos também organizavam festividades parecidas denominadas saturnais.
Continua a ser tradição, em alguns locais, depois da ida ao cemitério, fazer um magusto e beber uns copitos de água-pé ou de jeropiga. Resquícios de um passado longínquo?