Chegou o verão e o calor, como é habitual. Menos habitual é, nesta altura, termos cerca de 40% do país numa situação de seca. Como bem sabemos, a falta de precipitação e a vegetação seca, aliadas ao vento, são fatores que potenciam o surgimento de incêndios de grandes proporções, tal como o ocorrido há seis anos na nossa zona.
Fizemos alguma coisa ou poderemos fazer alguma coisa para contrariar as alterações climáticas? De forma realista, a breve prazo, acho que não, pois os comportamentos individuais e coletivos, a economia e a política levam tempo, muito tempo, a mudar.
Como “bons” portugueses ou rezamos ao S. Pedro que mande chuva ou “torramos” todos os anos milhões de euros em meios aéreos (com o dinheiro gasto já tínhamos modernizado a nossa força aérea) e outros meios que, na minha opinião, deveriam ser canalizados apenas para a proteção de aglomerados populacionais.
Para mitigar a falta de precipitação, segundo o especialista Domingos Xavier Viegas, é fundamental a criação de represas, charcas e reservatórios. “Não estamos apenas a evitar que a água que recebemos da chuva vá escoando para o mar, estamos a criar reservas e a aumentar a humidade no ambiente”. Já se fez alguma coisa?
Já se fez alguma coisa pela nossa denominada floresta? Bom, é verdade que, em grande parte, ela não existe. Existe sim, salvo honrosas exceções, um grande refugo de árvores abandonadas e a proliferação de eucaliptos e de acácias.
Se, futuramente, os incêndios de grandes dimensões são uma inevitabilidade, estaremos a fazer o necessário para preparar as pessoas para esse tipo de situações?
Parece que não. Segundo dados estatísticos, cerca de 90% dos incêndios têm origem humana, geralmente descuidos de uma população envelhecida e esquecida que sempre fez pequenas queimadas durante todo o ano e que não se adaptou aos “novos tempos.”
Verifica-se também que 70% da população portuguesa vive no litoral. Não seria mais útil que alguns dos milhões gastos no combate aos incêndios fosse gasto em campanhas de descentralização geográfica?
Parece-me que a forma mais rápida e barata de reflorestar e ordenar o território, é termos “bombeiros” in situ, a tempo inteiro.
A organização de defesa do consumidor DECO PROTESTE partilha, e eu reproduzo, algumas razões para o regresso ao interior:
Proximidade da casa ao local de trabalho, comércio e serviços;
Fluxo de trânsito reduzido;
Melhor qualidade do ar;
Maior contacto com a natureza (que permite a prática de diferentes atividades físicas ao ar livre);
Custo de vida mais reduzido.
Termino desejando um bom verão. “Bom verão, bom pão” diziam os antigos.