No passado dia 25 de abril, a maioria dos portugueses comemorou os 50 anos da democracia, mas o que ainda falta cumprir da revolução prometida?
É verdade que Portugal está hoje melhor que há 50 anos. Temos liberdade de expressão, direito ao ensino, à saúde, à greve e a eleições livres. Mas a pouca produtividade da economia, o envelhecimento, a precariedade no trabalho e o mau funcionamento dos serviços públicos, particularmente da justiça, colocam o país na cauda da Europa.
Cinco décadas depois Portugal continua a ser um dos mais pobres e, como tal, tem vivido dependente dos fundos europeus.
Supostamente, durante mais meia dúzia de anos teremos dinheiro com fartura, mas é previsível que os fundos existentes para a política de coesão diminuam drasticamente.
Espero, independentemente da sua “cor”, que os partidos que nos venham a governar sejam capazes de gerar reformas de forma a convergir com os restantes países europeus.
Para finalizar este apontamento, deixo o poema de Jorge de Sena “A cor da liberdade”.
Não hei de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas, embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Mais tarde, noutro poema, Jorge de Sena dirá:
«Qual a cor da liberdade?
É verde, verde e vermelha».
Concordam?