Acabamos de entrar no verão, mais um, que promete ser bem quente e seco com todos os inconvenientes e desconfortos daí resultantes, sobretudo para quem trabalha e labuta ao ar livre e ainda sem podermos contar, em pleno, com o contributo da inteligência artificial (IA).
Mas afinal, o que é isto da IA? Em termos simplistas poderemos dizer que ela é cada vez mais a “tecnologia do futuro”, uma vez que vai aplicar-se e influir sobre tudo o que hoje em dia carece da intervenção humana. Em termos mais técnicos, poderemos caracterizá-la como a capacidade que uma máquina possui para reproduzir competências semelhantes às humanas, nomeadamente aprendizagem, raciocínio, planeamento e criatividade.
Tais máquinas, ou se quisermos, tais computadores, habilitados com sofisticados processadores e sistemas de recolha de dados, realizarão num ápice um conjunto infindável de tarefas que culminarão na rápida concretização de um ou mais objectivos que, a serem realizados por humanos, seriam de muito mais morosa obtenção.
Por outro lado, o seu âmbito de intervenção e aplicação é cada vez mais amplo, abrangendo já hoje sectores de actividade como a saúde, transportes, alimentação e agricultura, produção fabril, administração pública e serviços.
Aparentemente, como tudo indica, o recente incremento da IA – que já leva mais de meio século de evolução – facilitará a vida social e permitirá uma melhor e mais eficiente gestão dos recursos do planeta, situação que não pode deixar de ser vista como mais vantajosa para a preservação e continuidade da espécie humana. Ainda assim e sem negar que, tal como aconteceu na revolução industrial (século XVIII-XIX), dela poderão resultar alguns sobressaltos ou pontuais desequilíbrios sociais, ela continuará inabalavelmente o seu caminho de progresso.
Não obstante, uma das grandes críticas que lhe apontam os cépticos, seus detractores, é que a evoluir a IA cada vez mais inteligentemente, ela poderá vir a sobrepor-se aos humanos, seus criadores, e, na pior das hipóteses, a extinguir mesmo a própria Humanidade.
Esta crítica, porém, não tem fundamento. Como explica o Professor de Engenharia Informática na Universidade de Washington, Pedro Domingos, (in Revista EXPRESSO, ed. 2643), a IA é diferente da inteligência humana e age em função dos algoritmos que são “sequências de instruções dadas por nós que o computador executa sem se desviar um milímetro”.
Em suma, a IA ainda não adquiriu carta de alforria, a ponto de poder ir para além dos limites previamente traçados e definidos pelos algoritmos, o que obsta a que possa evoluir ao ponto de se tornar autónoma e independente e de trilhar caminhos por si escolhidos.
Apesar do balanço ser claramente favorável ao advento e incremento da IA, há, contudo, que não desvalorizar alguns dos riscos que poderão advir da sua utilização por regimes autocráticos para fins militares e de repressão popular, o que não é uma situação nova e já hoje acontece. A melhor resposta a tais riscos é que os países democráticos não descurem o seu aperfeiçoamento e desenvolvimento, melhorando o funcionamento da democracia, a defesa dos direitos humanos e a sociedade em geral.