PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

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Inferno na terra

Editorial

O inferno, mais uma vez desceu à terra, numa imagem que nos transmitiam quando éramos crianças, do que seria o inferno. Foram momentos infernais de muita dor, angústia, desespero e tristeza, que a população neste mês de julho, na região centro sentiu. Alvaiázere, mais uma vez, não escapou deste inferno de chamas e labaredas, dizimando quase na totalidade as freguesias de Almoster e da Pelmá.

Os intensos fumos que se fizeram sentir em alguns dias, espalharam-se e toldaram completamente a nossa visão, dando-nos a sensação que estávamos envolvidos pelos incêndios a poucos metros de distância, gerando um pânico, nunca antes sentido, só dissipado passado algum tempo, quando constatámos que afinal os fumos intensos vinham de longe. Ficávamos um pouco mais tranquilos, mas sempre com uma sensação de incerteza, de a qualquer momento, os nossos bens e vidas também poderiam estar em risco. Esta intranquilidade foi sempre acompanhada do sentimento de impotência perante o sofrimento atroz das populações de Almoster, Pelmá e de outras localidades de concelhos vizinhos, que lutavam desesperadamente contra este fogo infernal.

Ninguém pode ficar indiferente a este flagelo, pelo que foi abordado pela maioria dos nossos colaboradores. Filipe Santos, reforça o estarmos a sofrer as consequências de não tratarmos a mãe, natureza, com o respeito devido. José Baptista, alerta para a necessidade da reorganização dos aglomerados populacionais, do planeamento florestal e da plantação de espécies autóctones, colocando a tónica no aquecimento global, que levam ao desaparecimento da biodiversidade e de muitas mortes, pelo que urge inverter as causas deste, realçando a importância da educação ambiental, desde tenra idade. Acílio Godinho, trata este problema “O flagelo dos incêndios” de forma muito pertinente.

Da nossa parte, nesta edição, percorremos os lugares fustigados pelo fogo, ouvimos os presidentes de Junta de Almoster e Pelmá, o comandante dos BVA e o presidente da CMA, demos também voz aos que lutaram contra o fogo. E acompanhamos o Padre André Sequeira, nas missas que celebrou nas capelas dos lugares mais atingidos dos incêndios. Ficamos, no entanto, com a sensação que nem as palavras nem as imagens conseguem revelar a dimensão do ardido e o sofrimento das pessoas mais atingidas por este inferno.

Deixamos um reconhecimento pela coragem e solidariedade de todos os envolvidos e que a esperança e a força, nunca falte, para a renovação dos corações e da natureza.