Fevereiro é um mês especial. É o único a ter menos de 30 dias.

Antigamente, Februário, assim designado pelos romanos, era o último mês do ano e tinha, inicialmente, 29 ou 30 dias.

Como julho, mês batizado em homenagem a Júlio César, tinha 31 dias, o imperador César Augusto exigiu que o “seu” mês também tivesse semelhante número de dias. Assim, mandou retirar um dia a fevereiro.

O nome fevereiro vem do latim februarius, inspirado em Fébruo, deus da morte e da purificação e, como em tudo se pode encontrar alguma ligação, neste mês festeja-se o Carnaval. Embora não se tenha a certeza do significado desta palavra, acredita-se que o termo vem do latim carnis levale, traduzido como “adeus à carne”, ou seja, dava-se início a um grande período de abstinência e jejum. Para os cristãos, este período de purificação é, grosso modo, a Quaresma.

Se não festejámos o Carnaval tem algum significado a Quaresma? Na minha opinião, com o confinamento Covid 19, já cumprimos uma boa parte da penitência e temos de festejar o Carnaval. Não um Carnaval de desfiles ocos, nem de comezainas farta-brutos mas um que dê primazia aos afetos.

Como a poesia não enfarta, transcrevo um excerto do poema É Carnaval, e estão as ruas cheias, de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa.

É Carnaval, e estão as ruas cheias
De gente que conserva a sensação,
Tenho intenções, pensamento, ideias,
Mas não posso ter máscara nem pão.

Esta gente é igual, eu sou diverso
Mesmo entre os poetas não me aceitariam.
Às vezes nem sequer ponho isto em verso
E o que digo, eles nunca assim o diriam.

(…)