PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE
DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO
DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO
DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

A “praia” de Alvaiázere

31 de Outubro de 2023

Grande parte do território de Alvaiázere, há cerca de 200 milhões de anos, foi uma vasta planície costeira, como atestam os milhares de fósseis, icnofósseis e bastantes pegadas de dinossauros encontradas um pouco por todo o lado.

Tragicamente, e por falar em pegadas, a pegada humana trará mudanças globais que poderão colocar em risco a nossa existência. Se nada for feito, o esgotamento de recursos e o aquecimento global farão com que, nos próximos 200 anos, tenhamos novamente a praia no sopé da serra de Alvaiázere e as nossas oliveiras galegas substituídas por palmeiras, na melhor das hipóteses.

Segundo estudos, recentemente publicados, uma nova espécie de dinossauro, denominada ‘Moyenisauropus lusitanicus’, deixou as suas pegadas no nosso território, projetando a nível internacional o nome de Alvaiázere. Investigadores e município estão de parabéns, pois mais vale tarde do que nunca.

No século XX já estas pegadas eram conhecidas. Há cerca de vinte anos, a propósito de uma laje com icnofósseis, convidei o professor e investigador Mário Cachão, do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a visitar Alvaiázere. Em grupo, creio de seis pessoas, visitámos as pegadas e foi-nos explicado que teriam de ser realizados estudos para avaliar a sua importância. Nessa altura foi feito o registo fotográfico das mesmas.

Infelizmente, nem sempre há dinheiro para investigação e se tem apostado na preservação, na classificação e na valorização dos bens culturais. Por vezes, também não se divulgam alguns achados por se recear a sua vandalização.