Hoje acordei azeitado. O estômago a dar horas e o cérebro sempre a bater na mesma tecla: tens de escrever, tens de escrever. É verdade que tenho na minha cabeça uma lista de assuntos para o artigo do jornal mas as palavras não arrancam, ou melhor, arrancam a passo de caracol.
Como um mal nunca vem só, tenho andado às aranhas e queimado as pestanas a fazer papelada inútil. Nunca mais fico nas tintas para isso tudo!
Felizmente, para grandes males grandes remédios e como é verdade que não andamos a nadar em dinheiro optei por escrever sobre a crise.
Dizem os peritos que tudo está pela hora da morte, mas não nos explicam, com exatidão, o que o cu tem a ver com as calças.
Esbanjar 8 milhões de euros na compra de um carro é ser-se rico ou ter um parafuso a menos? Bom, isto de se armar aos cágados e de viver à grande e à francesa tem que se diga.
Por vezes, em conversa com os meus botões, tenho inveja de quem anda a vender água sem ter vasilhame, ou seja, mais ou menos, vender cabritos sem ter cabras. Parece que a justiça continua em águas de bacalhau mas, calmamente, vai acabando com a papa doce para alguns. Os tubarões ficam de fora.
Parece-me bem que já ninguém trabalhe para aquecer mas, em vez de andarem feitos baratas tontas pelos cafés, que tal agarrarem com unhas e dentes as oportunidades de trabalho que aparecem? Consta que os imigrantes arregaçam as mangas e andam na linha.
É bom pôr as barbas de molho pois se nos habituarmos à sombra da bananeira ou a laurear a pevide teremos de meter o rabo entre as pernas e ir buscar trabalho onde Judas perdeu as botas e depois vociferamos: Aqui del rei!
Voltando à vaca fria, e metendo o dedo na ferida, a crise existe. Claro que posso estar a carregar nas tintas mas, sem confundir alhos com bugalhos, penso que ninguém quer ficar a ver navios.
Quase a finalizar direi que não quero abrir os olhos a alguém nem quero que tomem banhos de água fria.
Com bocadinho de lata descalcei a bota, este apontamento, e vou andar com a cabeça nas nuvens. Estou quase de férias!