Grande parte do território de Alvaiázere, há cerca de 200 milhões de anos, foi uma vasta planície costeira, como atestam os milhares de fósseis, icnofósseis e bastantes pegadas de dinossauros encontradas um pouco por todo o lado.
Tragicamente, e por falar em pegadas, a pegada humana trará mudanças globais que poderão colocar em risco a nossa existência. Se nada for feito, o esgotamento de recursos e o aquecimento global farão com que, nos próximos 200 anos, tenhamos novamente a praia no sopé da serra de Alvaiázere e as nossas oliveiras galegas substituídas por palmeiras, na melhor das hipóteses.
Segundo estudos, recentemente publicados, uma nova espécie de dinossauro, denominada ‘Moyenisauropus lusitanicus’, deixou as suas pegadas no nosso território, projetando a nível internacional o nome de Alvaiázere. Investigadores e município estão de parabéns, pois mais vale tarde do que nunca.
No século XX já estas pegadas eram conhecidas. Há cerca de vinte anos, a propósito de uma laje com icnofósseis, convidei o professor e investigador Mário Cachão, do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a visitar Alvaiázere. Em grupo, creio de seis pessoas, visitámos as pegadas e foi-nos explicado que teriam de ser realizados estudos para avaliar a sua importância. Nessa altura foi feito o registo fotográfico das mesmas.
Infelizmente, nem sempre há dinheiro para investigação e se tem apostado na preservação, na classificação e na valorização dos bens culturais. Por vezes, também não se divulgam alguns achados por se recear a sua vandalização.