PROPRIEDADE: CASA DO CONCELHO DE ALVAIÁZERE

DIRECTOR: MARIA TEODORA FREIRE GONÇALVES CARDO

DIRECTOR-ADJUNTO: CARLOS FREIRE RIBEIRO

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Quem nos governa?

«Há nos confins da Ibéria, um povo que não se governa nem se deixa governar!»

Esta frase, dita correntemente, é atribuída a Gaius Julius Caesar, político e general romano, embora alguns historiadores contestem esta tese e atribuem a sua autoria ao general Galba que se encontrava em serviço na Ibéria (Hispânia romana), em carta enviada ao imperador. Independentemente da autoria, referiam-se aos Lusitanos que habitavam, grosso modo, as regiões a Sul do rio Douro. Estes, coexistiam, no nosso atual território, sobretudo com os Galaicos, os Túrdulos, os Cónios e os Célticos.

Passados mais de dois mil anos, continuamos iguais a nós próprios. No próximo dia 10 de março o país vai a votos. Previsivelmente, metade dos votantes ficará no aconchego do lar. Serão estes os primeiros a queixarem-se da governação.

Alguns dos que irão votar, entre eles me incluo, terão dificuldade em escolher alguém. Não sabemos bem quem são os candidatos pelo distrito e quais as suas propostas/ideias concretas para a nossa região/distrito/concelho e, sendo assim, não os podemos responsabilizar.

A criação de círculos uninominais, de forma a aumentar o interesse do eleitorado e a responsabilizar os eleitos, serviria de estímulo para a democratização do país e também uma forma de bloquear movimentos antidemocráticos. Dirão alguns que, com a criação destes círculos, a instabilidade e a imprevisibilidade de funcionamento da Assembleia seriam permanentes. Não sei.

Resta-nos votar pela “cor”. Os partidos do chamado “arco do poder”, em vez de governarem bem, são “uns queixinhas” e culpam os antecessores. Ainda estou à espera que algum se queixe de D. Afonso Henriques! Propostas concretas para os problemas da saúde, da educação, da segurança, da justiça…. Pouco ou nada!

Vemos também que a Lei da Paridade nos Órgãos Colegiais Representativos do Poder Político estabelece, e bem, a representação mínima de 40 % de cada um dos sexos. Se houvesse uma percentagem mínima definida também para os diversos setores: saúde, educação, agricultura, comércio, indústria, serviços, etc., a Assembleia da República talvez fosse mais democrática.

Também notamos que os políticos, na sua maioria, vivem em Lisboa ou na faixa litoral. Como poderão defender o interior e uma política de desenvolvimento integrado se só lá vão em campanha eleitoral?

Estamos a receber milhões de euros dos fundos comunitários. Onde são empregues? Pois! Não é por acaso que importamos a maioria dos produtos que consumimos. Há incentivos à criação de pequenas e médias empresas para assim fixarem os jovens? Quantos são os alunos que concluíram o seu curso superior e voltam definitivamente à sua terra? Ou melhor, como podem se, excetuando a Autarquia ou a Misericórdia, não têm aqui emprego?

Constatamos que as regiões do interior estão a exportar para as grandes cidades a maioria da “massa cinzenta” que “produzem” com avultados investimentos. Alguém ouviu falar de alguma forma de contrariar esta situação?

Adivinhando-se, a fazer fé nas sondagens, a possibilidade de alguma ingovernabilidade, é fundamental votar, votar conscientemente e, depois, exigir políticas de desenvolvimento e justiça social e, claro, também políticos de alta qualidade e inexcedíveis na luta contra a corrupção.