Logo que assumi a direção do nosso jornal, idealizei uma rúbrica com recolha de testemunhos da diáspora alvaiazerense, espalhada pelos quatro cantos do mundo.
Um sonho concretizado nesta edição de julho com a primeira viagem rumo a Paris onde damos a conhecer o percurso distinto de José Furtado Dinis.
Uma geração oriunda do grande surto de emigração nas décadas de 50 e 60 devido às más condições de vida em Portugal, em que as enormes diferenças salariais entre o nosso país e os países mais industrializados da Europa, o que ainda hoje se constata, e a falta de mão de obra nesses países atraiam principalmente os mais pobres de encontrar uma possibilidade de concretizarem os seus sonhos. O que levou também milhares de pessoas a abandonar as suas terras foi a total incapacidade de outros setores económicos absorverem a população rural que abandonava os seus campos à procura de uma vida melhor e ainda a fuga à guerra colonial e à repressão política desencadeada pelo regime do Estado Novo contra os seus opositores.
Este surto de emigração conduziu à diminuição e ao envelhecimento da nossa população principalmente aqui no interior, levando ao decrescimento da mão de obra e respetiva produção provocando o aumento da importação de bens. No entanto a emigração compensou estes aspetos, pois conduziu ao envio de somas avultadas em moeda estrangeira que possibilitaram ao país o aumento dos salários, o incremento da mecanização agrícola e a progressiva modernização de algumas vilas e aldeias.
Estas poupanças enviadas foram fruto de muito trabalho, suor, lágrimas e saudades.
As remessas de dinheiro destes emigrantes contribuíram para atenuar as dificuldades financeiras de Portugal, pelo que lhes devemos ficar sempre gratos.
O casal Delfina e Francisco são o exemplo da situação descrita que com empenho e arrojamento conseguiram ver os seus sonhos concretizados no exemplo ímpar de sucesso do seu filho, José Furtado Dinis, que os orgulha, assim como a todos os portugueses e alvaiazerenses.
Parabéns a esta nova geração de filhos de emigrantes, que elevam o nome de Portugal.