Ao contrário do que vem acontecendo com as previsões meteorológicas que vêm sendo cada vez mais fiáveis, os tempos da política, quer nacionais, quer internacionais, revelam-se cada vez mais incertos e imprevisíveis.
Com a tomada de posse do novo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, e a avaliar pelas suas subsequentes promessas e afirmações, perspectiva-se um enorme sobressalto sobre as relações comerciais e geoestratégicas entre as nações, não sendo exagerado esperar que, ao invés do desejável, o mundo não irá ficar melhor nem menos agitado durante o seu consulado.
Desde logo, porque, ao invés do verificado no seu primeiro mandato (2017-2021), neste o mesmo dispõe de uma confortável maioria nos órgãos do poder americano que poderiam exercer sobre ele algum controlo político, nomeadamente o Congresso, composto pela Câmara dos Representantes e pelo Senado e o Poder Judicial.
A avaliar por algumas das suas primeiras declarações, nomeadamente a intenção de anexar o Canadá, a Gronelândia e o Canal do Panamá, o que nos vem de imediato à mente é que o bonsenso não é coisa que pareça abundar em Trump, pese embora o mesmo tenha dito o contrário no primeiro fórum económico internacional em que participou, a cimeira de Davos.
Entre as suas primeiras medidas como Presidente dos EUA, logo no dia da posse, conta-se o perdão das penas de prisão dos seus simpatizantes que, na sequência do resultado das eleições de 2020, que perdeu para Joe Biden, foram julgados e condenados por terem assaltado o Capitólio e agredido vários funcionários e polícias.
Outra das medidas foi a concretização da promessa eleitoral de fechar a fronteira com o México à imigração ilegal e a expulsão dos imigrantes não legalizados.
No panorama internacional e considerando que os conflitos bélicos no médio-oriente, entre Israel e o Hamas, e na Europa, entre a Rússia e a Ucrânia, persistem, apesar do recente cessar-fogo no primeiro, Trump prometeu acabar com eles rapidamente o que, a concretizar-se, poderá vir a traduzir-se num contributo decisivo para reposição da paz e pôr termo aos horrores decorrentes das guerras.
Veremos até que ponto e quanto tempo demorará a concretizar esta promessa mas, se a mesma vier a tornar-se realidade em breve, Trump verá reconhecido o seu prestígio pessoal e internacional e reforçada a sua autoridade enquanto chefe de estado da maior potência mundial.
Mas para além das guerras e da geoestratégia, as relações comerciais são outra das prioridades anunciadas por Trump que já advertiu os seus principais parceiros, mormente os exportadores, para a eventualidade de incrementos nas tarifas alfandegárias, tendo do mesmo passo acusado a União Europeia de se portar mal com os EUA e exortado as empresas europeias a fixarem-se na América.
Em suma, talvez possamos sintetizar a mensagem de Trump ao mundo ocidental nos termos seguintes: ou eu ou o dilúvio! Seja como for, “américa first”.
É certo e sabido, segundo alguns dos seus próximos, que Trump é um narcisista megalómano, atributos estes essenciais e indispensáveis a qualquer autocrata que se preze e, na realidade, as suas proclamadas intenções não podem deixar ninguém indiferente, nem o mundo ocidental despreocupado.
A ver iremos se tais preocupações serão pertinentes ou infundadas e se o mundo se tornará um local mais calmo e aprazível.