Mais de uma vez tenho usado este espaço para realçar a importância da preservação do nosso património nas suas diversas vertentes.
Da mesma forma que devemos conhecer, preservar e valorizar a história da região e assim manter viva a identidade das gentes que aqui vivem, também devemos estar atentos ao património vegetativo pois é uma herança com múltiplas potencialidades.
Seria até bom que o município assumisse uma política de reconhecimento e valorização do vasto património, árvores centenárias e variedades de fruta regional, como de interesse municipal.
Temos valorizado alguns dos produtos que existem na zona, como o chícharo, mas devíamos procurar outros, principalmente as variedades de fruta regionais que, pela sua autenticidade, podem permitir um desenvolvimento sustentável. O produto diferenciado pode tornar-se uma mais-valia económica não só em termos agrícolas, mas também no turismo.
Nos últimos anos tenho tentado identificar algumas variedades de frutas autóctones, mas como o querer não basta procurei quem sabe. Neste caso, recorri ao Engenheiro Rui Mais de Sousa, Coordenador da Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade – atual Pólo de Fruticultura do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) –, em Alcobaça.
Após diversa troca de correspondência, prontificou-se a deslocar-se a Alvaiázere quando fosse possível a recolha de material, ou seja, na época das enxertias.
Assim, no dia 18 de março, tivemos o prazer da sua presença. Pessoa afável e de vastos conhecimentos, tivemos, eu e o Agostinho Gomes, a oportunidade de aprender sobre vários aspetos da fruticultura, conhecer algumas das atividades desenvolvidas e a desenvolver pelo Pólo.
Dentro dessas atividades realçou a importância da identificação de variedades adaptadas às condições morfológicas da região, ou seja, melhor preparadas para resistirem às alterações climáticas e, pelas suas capacidades de resistência a pragas e doenças, desejáveis na agricultura biológica. Iam, assim, implementar uma área de produção biológica, com rede, sem ter de aplicar produtos de síntese.
Após um pequeno passeio onde visualizámos algumas árvores, deixou Alvaiázere com uma dezena de “garfos” de macieiras da região. Não levou mais pela nossa dificuldade em atribuir nomes a algumas variedades.
Ficou a promessa de voltar quando as árvores frutificarem e comparar com a vasta coleção que possui no Pólo de Alcobaça.
Deixo aqui, mais uma vez, o meu pedido para ajudarem na localização e identificação de árvores antigas. Podem fazê-lo pessoalmente ou através do email: josemcbaptista@gmail.com.
Com um bocadinho de sorte e trabalho, talvez pudéssemos agendar uma visita ao Pólo de Alcobaça e provar a “tal” maçã da nossa infância.