Como manda a tradição, o programa deste dia especial começou bem cedo com o hastear da bandeira com Guarda de Honra, ao qual se seguiu a cerimónia religiosa, celebrada pelo padre Celestino Brás, e com a qual se homenageou os bombeiros já falecidos. A romagem ao cemitério é também parte integrante desta festa, à qual se seguiu o desfile apeado e motorizado até ao quartel dos BVA.
Já no quartel foi feita a receção às entidades convidadas, nomeadamente o Secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, o Diretor Nacional de Bombeiros da Autoridade Nacional de Proteção Civil, Pedro Lopes, o Comandante do Centro Distrital de Operações de Socorro de Leiria, Carlos Guerra, o Chefe de Gabinete do Consulado de Portugal no estado norte-americano da Flórida, Ilídio Pereira, o Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares e o Presidente da Federação Distrital dos Bombeiros de Leiria, Almeida Lopes.
Finda a receção, todos quiseram ouvir os discursos, que foram proferidos numa das garagens do quartel e que foi transformada, para este dia de festa, em Salão Nobre. João Paulo Guerreiro, presidente da Mesa da Assembleia Geral dos BVA, foi o primeiro a usar da palavra referindo a importância deste dia por duas razões principais: primeiramente os 79 anos da Associação e, depois, pelo facto de “termos estas instalações renovadas com condições, não digo perfeitas, mas muito melhores do que aquelas que tinha o nosso Corpo de Bombeiros para exercer a sua atividade”.
Pedindo licença para quebrar o protocolo estabelecido, o comandante dos BVA, Mário Bruno, começou a sua intervenção por condecorar 14 bombeiros com medalhas de assiduidade de 5 anos (Ricardo Morgado), 10 anos (Cláudio Lourenço, Tiago Lourenço, Francisco Brás, Elizabete Miguel e Susana Piedade), 15 anos (João Godinho, Jorge Marques, Pedro Dinis, Ulrich Cassiano e Luís Carlos) e 20 anos (Rui Ferreira e Luís Costa). Para além destes, o comandante entregou ainda uma medalha de dedicação pelos 25 anos ao serviço a Carlos Rodrigues e o Sub-Chefe Henrique Serra Carvalho recebeu a passagem ao Quadro de Honra e um Crachá de Ouro, pelo seu serviço e dedicação à causa ao longo dos últimos 35 anos. No seu discurso, Mário Bruno, virou-se para os bombeiros, “escudeiros desta terra e escudeiros de Portugal”. Tendo passado por um ano bastante difícil, em termos de condições de trabalho, o comandante fez questão de frisar o orgulho que tem nestes homens e mulheres. “Só pessoas boas como vocês podiam passar por isto, vocês são melhores que os outros e, por isso, é que têm a farda de bombeiro”, sublinhou.
Também o presidente dos BVA, Joaquim Simões, frisou os longos meses de sacrifício pelos quais os bombeiros passaram, referindo que se “trata de um avultado investimento, tendo em conta a realidade da tesouraria da nossa Associação, e ao qual teremos de adicionar o custo dos equipamentos já instalados e a adquirir a curto prazo”. Foi pelos bombeiros e para eles que a direção da Associação assumiu este desafio, “num dos piores momentos”, contudo “a fidelidade, abnegação, altruísmo e dedicação dos bombeiros são credores de todos os esforços que fizemos e que venhamos a fazer”, acrescentou o presidente. Mas esta obra não é só resultado do trabalho da direção e Joaquim Simões destacou três pessoas que “comungam dos mesmos ideais e defendem as mesmas causas, mas não vestem farda”. Sandra Simões tratou da planificação da candidatura do projeto ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, Rui Silva ofereceu o projeto de eletricidade e Artur Caetano da Silva ofereceu parte do projeto de arquitetura e foram, nesta cerimónia proclamados como Sócios Honorários, tendo recebido os respetivos diplomas que perpetuam essa qualidade. Aproveitando a presença do Secretário de Estado da Proteção Civil, Joaquim Simões fez referência a um problema que é transversal a todas as Associações de Bombeiros de Portugal: a demora nos pagamentos. “Nos dois meses do corrente ano, as viaturas desta Associação percorreram mais de 65 mil quilómetros (…) Em janeiro nada foi pago e em fevereiro foi paga a quantia de 4.498,56 € (…) que nem chegou para liquidar à Segurança Social e ao Estado”, disse o presidente, questionando depois José Artur Neves: “Se o Estado sabe que as Associações Humanitárias dos Bombeiros são de caráter humanitário e sem fins lucrativos, porque não lhes paga o que lhes deve?”.
Almeida Lopes e Jaime Marta Soares também usaram da palavra, tendo falado sobre alguns problemas, a nível nacional, que os bombeiros terão que enfrentar, nomeadamente a regionalização/municipalização e ambos estão contra esta proposta, caso ela venha a ser posta em prática. Jaime Marta Soares fez, ainda, um pedido especial à presidente da Câmara Municipal de Alvaiázere: “Quando estiver a fazer o orçamento tenha sempre em mente que as verbas para os bombeiros é dos melhores investimentos que pode fazer”. A intervenção do presidente da Liga dos Bombeiros terminou com a entrega de um Crachá de Ouro ao Cônsul Honorário da Flórida, Ceaser de Paço. “Foi uma proposta dos BVA e prontamente aceite pela Liga dos Bombeiros, de modo a mostrar o agradecimento desta Instituição por tudo aquilo que tem sido feito por eles”, concluiu.
“Viva e cheia de vitalidade”, foram as palavras que Célia Marques usou para caracterizar a Associação dos Bombeiros de Alvaiázere. Ao fazer a sua intervenção, a presidente da Câmara Municipal de Alvaiázere louvou a capacidade desta Associação de se ir “rejuvenescendo e reinventado”, garantindo que se “chegámos aqui, é porque há dirigentes, comandantes e bombeiros, que deram e dão de si”. Ao longo do último ano, o Município reforçou o financiamento aos Bombeiros através de um protocolo de colaboração no valor de 54 mil euros anuais, além do valor que já suporta com a Equipa de Intervenção Permanente.
Aproveitando a presença de José Artur Neves, a presidente do Município chamou a atenção deste para a “necessidade da administração central fazer mais do que apenas passar para os cidadãos e municípios a responsabilidade de agir sobre a floresta, para garantir a proteção do território”, afirmando que “é impossível cumprir a ordem legal em vigor, que a ser cumprida comprometeria o papel da autarquia em matérias como a educação, o desenvolvimento social e económico”. Dirigindo-se aos bombeiros, rematou a sua intervenção, dizendo: “Acreditem que é, para mim, uma honra e um privilégio, saber que posso contar com cada um de vós e com todo este corpo de bombeiros para servir a nossa gente”.
A encerrar os discursos esteve o Secretário de Estado da Proteção Civil que apelidou os Soldados da Paz de “centro de gravidade da Proteção Civil deste País”, garantindo que naquilo que é o dever dos Bombeiros, de apoiar e melhor servir as populações, isso está a ser bem feito em Alvaiázere.
As obras de ampliação e requalificação do quartel dos BVA foram maioritariamente financiadas (85%) por fundos comunitários da União Europeia, provenientes do POSEUR. A Autarquia comparticipou os 15% que faltavam, ou seja, 95.409,23€. No total as obras do quartel ficaram em 656.814,16€. Além disso, a autarquia ajudou com 34.776€ para a compra da viatura, que no total custou 173.880€. Para além destes apoios, de referir a ajuda monetária proveniente das Juntas de Freguesia de Alvaiázere e ainda do Cônsul Honorário, Caesar De Paço.